Sonda Voyager ainda não deixou Sistema Solar, diz NASA
Voyager-1
A sonda espacial Voyager-1 está para sair do Sistema Solar há algum tempo. Em certo sentido, ela só não saiu definitivamente porque vem
acrescentando novos territórios ao mapa espacial - seus dados vêm
acrescentando um conhecimento inédito dessa região que nunca havia sido
estudada pelo homem. Assim, o que se pensava ser a fronteira final do Sistema Solar quando
a sonda foi lançada mostrou-se uma região mais extensa e mais complexa
do que se imaginava - nesses limites, ela descobriu, por exemplo, uma "rodovia magnética". Agora, o assunto voltou ao debate, graças a um artigo de Frank
Mcdonald (Universidade de Maryland) - falecido em dezembro do ano
passado -, e William Webber (Universidade do Novo México), ambos ligados
à missão. Com base nos dados coletados pela sonda desde meados do ano passado,
eles levantam a hipótese de que, desta vez, a Voyager pode ter mesmo
saído do Sistema Solar. A NASA foi categórica e prontamente contrapôs-se à hipótese. A NASA não concordou e nem endossou as conclusões dos dois
pesquisadores: segundo a agência, a equipe científica da missão continua
considerando que o primeiro artefato humano que deixará o Sistema Solar
ainda não o fez. Em nota, a agência norte-americana afirma que a avaliação de que a
Voyager 1 já estaria fora do Sistema Solar não reflete a opinião de
todos os cientistas da missão. "A equipe da Voyager está ciente dos relatos feitos hoje que a
Voyager 1 teria deixado o Sistema Solar," disse Edward Stone, cientista
do projeto Voyager. "É consenso da equipe científica Voyager que a
Voyager 1 ainda não saiu do Sistema Solar e nem alcançou o espaço
interestelar." Na verdade, os relatos que transformaram a hipótese em certeza foram feitos por uma pequena parte da imprensa. Os próprios pesquisadores que publicaram o artigo não são taxativos
nesse argumento: segundo eles, a Voyager 1 entrou em uma nova região,
totalmente diferente da que ela vinha percorrendo nos últimos meses. "O que nós podemos dizer é que ela está fora da heliosfera normal.
Nós estamos em uma nova região. E tudo o que estamos medindo é diferente
e entusiasmante," afirmam os dois em nota emitida pela União Geofísica
Americana. Somente a continuação das medições feitas pela Voyager poderá marcar
definitivamente a passagem da sonda para o espaço interestelar. Como sabem bem disso, os dois autores deram ao seu texto um título
excepcionalmente longo, tão inusitado e raro no meio científico quanto a
região que a Voyager 1 parece estar percorrendo. O título do artigo é: "Dados recentes da Voyager 1 indicam que, em
25 agosto de 2012, a uma distância de 121,7 UA do Sol, foram observadas
mudanças bruscas e sem precedentes na intensidade dos raios cósmicos
galácticos e anômalos" - sim, isto é só o título. Os que os dados revelam é que, nas semanas anteriores a 25 de agosto,
a intensidade dos raios cósmicos vinha flutuando de forma
característica. A partir de então, os raios se estabilizaram - os dois
cientistas chamaram o evento de "helioabismo". Eles então levantaram a possibilidade de que a flutuação se deva à
turbulência gerada pelo encontro do vento solar com as partículas vindas
do espaço interestelar. Como essa turbulência cessou, a Voyager 1
poderia ter deixado o Sistema Solar. Já Stone, o chefe da missão, tem opinião diferente: "Em dezembro de 2012, a equipe científica Voyager informou que a Voyager 1 está dentro de uma nova região chamada "Rodovia Magnética", onde as partículas energéticas mudam dramaticamente. Uma mudança na
direção do campo magnético é o último indicador crítico da chegada ao
espaço interestelar, e essa mudança de direção ainda não foi observada." A Voyager 1
foi lançada em 5 de setembro de 1977 e sua irmã gêmea, a Voyager-2 foi
lançada em agosto do mesmo ano - elas estão viajando em sentidos
opostos. O objetivo inicial das duas sondas era estudar os planetas Júpiter,
Saturno, Urano e Netuno, tarefa que elas completaram em 1989. A partir, seguiram um curso que as levará rumo ao centro da Via
Láctea. Como são movidas a plutônio, espera-se que elas tenham energia
suficiente para decidir o longo debate, que já dura vários anos, sobre
sua saída do Sistema Solar.
Fonte: Site Inovação Tecnológica
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