quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mauritia, um microcontinente submerso no Oceano Índico

 

 
Pavel V. Doubrovine  


Em um período entre 2 bilhões e 70 milhões de anos atrás, os continentes eram unidos em um único supercontinente, chamado Rodínia. Este supercontinente foi o pai da Panótia e avô da Pangeia, que, por movimentos tectônicos, deram origem aos continentes atuais. Neste primeiro processo de movimentação e separação, um microcontinente se formou entre as regiões que hoje formam a Índia e a ilha de Madagascar, e durou tempo suficiente para ser submerso por camadas de magma e pelas águas que geraram o Oceano Índico. Batizada de Mauritia, esta faixa de terra foi anunciada em estudo publicado no domingo passado pela revista científica Nature Geoscience. Atualmente, Índia e Madagascar estão a mais de 4.000 quilômetros de distância. No período da Rodínia, no entanto, os territórios estavam unidos em uma mesma porção continental. Com o início da separação das terras, uma faixa continental se formou, sobre a qual também estariam áreas que hoje formam as ilhas de Seicheles, Reunião e Maurício. Esta faixa foi batizada de Mauritia pelos cientistas do Earth Dinamyc Group, da Universidade de Oslo, na Noruega. Com o tempo e com a movimentação das placas tectônicas, Mauritia acabou se fragmentando, foi coberta por camadas de magma e desapareceu sob as águas do atual Oceano Índico. "Ninguém nunca soube realmente como Seicheles foi parar no meio do Oceano Índico, por exemplo. Com nossa pesquisa, identificamos que a ilha de Seicheles se desprendeu da Índia no processo que levou à configuração atual", afirma o pesquisador Pavel V. Doubrovine, um dos autores da pesquisa. "Este processo causou a segmentação da parte continental do território de Mauritia, e foi transportado ao longo do tempo em blocos continentais", completou. Continente para sempre perdido Para chegar à esta conclusão, os cientistas analisaram grãos de areia da ilhas Maurício, também localizada no Índico, 900 quilômetros a leste de Madagascar. De acordo com os estudos, os grãos de areia da superfície da ilha apresentam zircão (silicato de zircônio), elemento encontrado na crosta continental, datado entre 1.000 e 600 milhões de anos atrás. "A ilha é resultado de uma atividade vulcânica que aconteceu há nove milhões de anos. Nesta erupção, o zircão, que estava presente em Mauritia, foi levado para a superfície e ficou na areia da ilha", explica Doubrovine. De acordo com o estudo publicado, é provável que existam camadas repletas de zircão submersas pelo Oceano Índico. Essas camadas, que teriam sido cobertas por magma, estariam em seu estado puro a mais de dez quilômetros de profundidade. Seria uma prova da existência de Mauritia, mas com altos custos de execução. "Ninguém possui nem dinheiro nem estímulo suficiente para fazer esta perfuração", lamenta o pesquisador Doubrovine. Até lá, a existência de Mauritia ficará limitada à pesquisa e ao zircão presente na areia. 

Fonte:  veja.com  

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