Ministra: implantar Lei Maria da Penha em todo o país será desafio enorme
Eleonora Menicucci
Até o final do governo da presidente Dilma Rousseff a Secretaria de
Políticas para as Mulheres espera implantar com sucesso a Lei Maria da
Penha em todo o país. Isso é o que disse na noite desta segunda-feira a
ministra Eleonora Menicucci, após participar de um evento na prefeitura
de São Paulo. "Seria uma irresponsabilidade dar uma data, mas
quero que, no término da gestão da presidente Dilma, a Lei Maria da
Penha esteja implantada em todos os municípios desse país. E, para isso,
não estamos medindo esforços: estamos fazendo as repactuações dos
pactos de enfrentamento que agora tem diretrizes nacionais e com
cobranças, ou seja, se não implementou, não recebe o recurso", disse a
ministra. Segundo ela, a implantação da Lei Maria da Penha, que
cria mecanismos para coibir a violência contra as mulheres e aumentou o
rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no
âmbito doméstico ou familiar, é um grande desafio para o atual governo.
"A implantação da Lei Maria da Penha implica na criação de uma rede
forte de atendimento às mulheres. [Hoje] são apenas cinco casas-abrigo
[para mulheres] na cidade de São Paulo. No mínimo [deveria] ter uma para
cada subdistrito de prefeitura", disse a ministra. As
dificuldades na implantação da lei, de acordo com a ministra, também
envolvem melhor qualificação dos profissionais que vão atender às
ocorrências de violência contra a mulher e uma mudança de mentalidade da
sociedade que, segundo ela, já vem ocorrendo no País. "Precisamos,
no enfrentamento à violência, do treinamento de todos os profissionais
da área de saúde e da segurança pública para atender às mulheres. Hoje
não acho que se fale que a mulher provoque a violência. Houve uma
mudança de mentalidade, tanto é que, quando propusemos uma punição maior
para agressores e estupradores, a sociedade aceitou", disse. Outro
desafio que o governo federal pretende enfrentar, disse a ministra, é
fazer com que os equipamentos de saúde voltados para as mulheres estejam
abertos todos os dias, durante 24 horas. Sobre a violência
contra as mulheres, a ministra disse é uma questão que ocorre em todo o
mundo e citou dois casos recentes de estupros ocorridos dentro de um
ônibus, na Índia. "Não é o fato de que é na Índia. Se pegarmos São
Paulo, outro dia me deparei com a notícia de uma menina de 12 anos,
confinada em uma casa no Morumbi para ser explorada sexualmente e ela
fugiu. E ela estava toda machucada. Qual a diferença disso para [o que
ocorreu na] a Índia?", questionou a ministra. Segundo Eleonora, o
governo brasileiro tem manifestado sua solidariedade às famílias e às
vítimas das violências ocorridas na Índia, mas não de maneira formal.
"Não existe formalidade. A formalidade só existiria em um termo em torno
de um sistema uno. E o sistema uno não se posicionou ainda, embora na
fala do secretário-geral Ban Ki-moon [da Organização das Nações Unidas],
ele tem prestado toda a solidariedade. Eu mesma e o governo federal
temos prestado solidariedade às mulheres indianas e à família das
vítimas". Na tarde de hoje, em São Paulo, a ministra participou de
um evento promovido pela Secretaria Municipal de Políticas para as
Mulheres de São Paulo que propôs um primeiro diálogo da nova gestão com
os movimentos sociais. Durante o evento, várias lideranças femininas
elogiaram a nomeação de Denise Dau para ocupar a nova secretaria, que
foi criada este ano e precisa ser aprovada pela Câmara Municipal. As
lideranças propuseram algumas sugestões e ideias que devem ser
trabalhadas no âmbito municipal com relação aos direitos e políticas
públicas voltadas para as mulheres. "Eu fui mais do que
entusiasta. Fui a promotora da criação dessa secretaria. Não tenho a
menor vergonha de dizer isso. Antes só tinha coordenadoria. E qual a
diferença? Coordenadoria não tem recursos próprios, nem humanos, nem
financeiros. E a secretaria tem recursos próprios e cargos. E discute de
igual para igual com todos os secretários", disse a ministra.
Fonte: Jornal do Brasil
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