Como fica Mantega após a divulgação do PIB
Guido Mantega
A surpresa com o resultado do PIB do terceiro trimestre,
divulgado nesta sexta-feira (30), gerou uma onda de questionamentos
entre os analistas e operadores do mercado financeiro. Especulavam se o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, terá força para se manter no cargo
depois da decepção com a recuperação da economia. “Não seria uma surpresa se ele saísse”, disse um analista de mercado de um grande banco nacional. O PIB do trimestre passado ficou em 0,6%, quando o governo e o
mercado esperavam no mínimo 1% de alta. Ao errar nas previsões, tanto o
governo quanto o mercado atrapalharam a coordenação das expectativas
para a recuperação. A surpresa negativa ficou por conta do setor de serviços, que teve
resultado nulo entre julho e setembro. Como o próprio ministro Mantega
disse em Brasília, os serviços respondem por 60% do PIB, o que faz o
efeito do desempenho do período ser mais intenso. Ao abrir os números do IBGE, fica claro que o setor produtivo se
recuperou, principalmente a indústria, mas o financeiro ficou para trás.
Mesmo com juros mais baixos, o crédito continuou avançando lentamente,
com uma inadimplência ainda num patamar elevado. É como se as medidas do governo tivessem dado com uma mão e tirado
com a outra. Ao passar meses estimulando o consumo, desde que a economia
começou a rastejar no ano passado, as ações do governo acabaram gerando
um maior endividamento dos brasileiros, inibindo uma continuação do
mesmo apetite dos consumidores. O lado “meio cheio” do copo pode ser visto quando se compara o
desempenho do trimestre contra os anteriores. No primeiro trimestre
crescemos apenas 0,1%. Fomos para 0,2% (antes 0,4%, revisada pelo IBGE) e
agora deu-se um salto para 0,6%. Mesmo assim, com muito esforço, é
muito difícil enxergar uma recuperação vigorosa da economia, capaz de
garantir um PIB de 4% em 2013 como quer/espera o governo. Esse número de 4% para o PIB está quase virando um estigma no Brasil.
E parece cada vez mais distante por causa de uma realidade que insiste
em se manter – a do baixo investimento. Segundo IBGE, a formação bruta
de capital fixo caiu 2% no terceiro tri, quando o mercado esperava até
0,5% de queda. Para ganhar algum espaço na confiança que resta, o ministro Mantega
voltou a falar em novas medidas para estimular o investimento. O
presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que ainda veremos mais
efeitos de tudo que foi feito até agora e justificou que “os sólidos
fundamentos e um mercado interno robusto constituem um diferencial da
economia brasileira”. Ele tem razão, mas tanta solidez não foi capaz de alavancar os
investimentos e aproximar o Brasil da sua capacidade de crescimento,
hoje avaliada entre 3,5% e 4%. Por isso, as conversas nas mesas de
operação do mercado financeiro tratarem de um ministro mais fraco diante
da falta de entrega do “levantador de PIB” do Brasil. “Ninguém espera que isso aconteça agora (uma saída do ministro) . Mas
não há como fugir desse questionamento. Será que ele consegue ficar
depois de tanto tempo com resultados negativos?”, pergunta o gestor de
um grande fundo de investimentos estrangeiro. Quando alguma coisa dá errado, a primeira corrida é para se encontrar
o culpado. No caso do PIB do terceiro trimestre, os dois lados erraram
nas previsões e na coordenação das expectativas. Mas quem tem a chave do
cofre e caneta é o ministro da Fazenda, por isso acaba ficando com as
setas apontadas todas para ele.
Fonte: G1 - por Thais Herédia
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