quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Dilma Rousseff

Confira os principais tópicos da entrevista de Dilma

A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (3) que prevê uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% já para o ano que vem. "Quando nós fizemos o PAC 2, vocês vão ver que lá tem as variáveis econômicas. Nas variáveis econômicas, estamos trabalhando com um superávit primário de 3,3%, estamos trabalhando com um PIB. Vamos ver como é que se forma o superávit primário, nos últimos meses sempre foi assim, não vai ser diferente esse ano", disse. Dilma reforçou que seu governo trabalha com uma inflação dentro da meta estabelecida de 4,5% ao ano. "Trabalhamos com uma dívida líquida sobre PIB cadente, caindo de 42, 41 para 38", acrescentou. Segundo ela, as previsões com que lidam são de um PIB de 4,5%, que não considera "absurdo", mas podendo chegar a 5% ou 5,5%. "Isso significa a possibilidade uma relação dívida líquida sobre PIB, de uma convergência da taxa de juros brasileira, que nós praticamos aqui, com as taxas de juro internacionais. Todo mundo fala em 2% porque seria mais ou menos essa a taxa de juros consistente, mas não necessariamente", explicou a presidente eleita. Dilma Rousseff afirmou que só na democracia uma pessoa de sua geração poderia ter chegado à Presidência da República.  "Nós somos de uma geração que lutou num momento muito específico do Brasil. Por que que eu tenho um valor muito grande na questão de democracia e da liberdade de imprensa, de opinião, de expressão? Porque eu sou de uma época em que a liberdade de imprensa era extremamente subversiva. A liberdade de opinião era extremamente subversiva. Uma peça de teatro, o Roda Viva, era o cúmulo da subversão". "Coisas que todos nós hoje achamos absolutamente naturais, não eram naturais quando eu cheguei aos 16 anos a entender um pouco o que estava acontecendo no meu país. Então essa geração, ela sofreu uma coisa terrível, que é a restrição do caminho. O caminho da gente era importado, muito pequeno. Você não tinha grandes horizontes, você tinha um horizonte pequeno porque a ditadura faz isso contigo".  "Eu acho que nós temos o mérito, nós lutamos com a cabeça que a gente tinha e com as condições que a gente tinha, nós lutamos contra a ditadura. Se a gente cometeu erro ou não, a história dirá. Eu pessoalmente acho que gente não tinha a menor chance de ganhar, a menor chance de transformar o Brasil. Do meu ponto de vista, essa geração também teve outro mérito, ela participou da luta pela redemocratização do primeiro ao último dia. E nesse processo, não só ela transformou o Brasil como ela se transformou, e eu sou dessa geração. Então é um momento importante para essa geração perceber que só na democracia é possível que uma pessoa dessa geração, ainda mais mulher, porque tinha um baita preconceito contra as mulheres, chegasse aonde eu cheguei, sendo eleita presidente da República. Então é mérito da minha geração, mas é maior mérito ainda do processo democrático que se implantou no Brasil".  Dilma reforçou que manterá o diálogo com todas as nações, independentemente das diferenças que o Brasil tiver com elas. "O diálogo continua com todos os países do mundo do mundo, não só com Teerã. Nós não temos nenhuma política de agressão, de violência, nós defendemos a paz. Aqueles que dialogarem conosco em paz, serão recebidos em paz", disse.  Questionada se manteria a mesma postura diante de nações sob regime de ditadura, a presidente eleita afirmou que seu governo terá uma posição mais dura a respeito de direitos humanos em outros países. O presidente Lula foi criticado por ter mantido o diálogo em tais circunstâncias, especialmente na África.  "Eu tenho uma posição bastante intransigente no que se refere aos direitos humanos. E essa posição intransigente se reflete no plano da diplomacia como uma posição também de opção clara por uma manifestação que conduza a melhoria dos direitos humanos. Não necessariamente é estrondosa. Muitas vezes, você, para conseguir melhoras nos direitos humanos, você tem que negociar. No meu governo, não vai haver nenhuma dúvida a respeito", explicou.  Dilma Rousseff ressaltou também que tem postura contrária à pena de apedrejamento imposta à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani.  "Eu sou radicalmente contra o apedrejamento da iraniana. Eu não tenho nenhum status oficial para falar, mas eu externo aqui, perante a vocês, que acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh. Mesmo considerando os usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro o apedrejamento da Sakineh", afirmou. Segundo Dilma, seu governo não tratará o Movimento dos Sem-Terra (MST) como "caso de polícia", mas reiterou que não tolerará invasões em prédios públicos e propriedades produtivas.  "O MST não é um caso de polícia (...) Agora, eu não compactuo com ilegalidades, nem com invasão de prédios públicos, nem com invasão de propriedades que estão sendo produtivamente administradas".  A presidente eleita destacou que a reforma agrária continuará sendo feita, junto com políticas para garantir renda aos agricultores de produção familiar. Segundo ela, tal fator é fundamental para "resolver o problema dos sem-terra", criando "milhões de pequenos proprietários que farão com que o tecido social ali no setor rural brasileiro seja cada vez mais democrático". "A nossa política de agricultura familiar que definiu o Luz Para Todos, que garantiu para o agricultor uma compra dos seus produtos através do Programa de Aquisição dos Alimentos, os 30% da merenda escolar, é fundamental para você garantir para o assentado e para o produtor familiar renda monetária", disse. "Nós temos de fazer uma revolução no campo no sentido de transformarmos os agricultores em proprietários, fazer com que seus filhos tenham acesso à educação de qualidade".  Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que considera "absurdo" as críticas feitas ao projeto do trem-bala, com custo previsto de R$ 33 bilhões e que deverá ligar o Rio a São Paulo.  "É um absurdo achar que o trem-bala não precisa de ser feito. Nos anos 80, essa conversa vigorou para metrô. Diziam o seguinte: o Brasil não pode gastar em metrô porque metrô é muito caro, tem outra alternativa, como os corredores e o transporte urbano por rodas. Com isso, nós fomos um dos países que atrasou o investimento em metrô. Mesma coisa eu repito, o trem-bala, em país continental, com a densidade populacional no sudeste e na região sul-sudeste, que é compatível com o trem-bala, é um absurdo as políticas que são obscurantistas, que consideram o trem-bala um absurdo. Primeiro o investimento do trem-bala é feito pela iniciativa privada. O trem-bala é financiado para o setor privado, não concorre com recursos públicos", afirmou.  Saúde e segurança pública serão setores de destaque em no governo de Dilma, que afirmou que as duas áreas serão priorizadas. "Eu considero que duas áreas terão um grande destaque no meu governo. Uma é a área da saúde e outra é a área da segurança pública. Eu considero que a educação está muito bem encaminhada e que os recursos maiores, que eu estou chamando de recursos maiores é a atenção, é um cuidado maior, é um empenho maior com, no caso, por exemplo, da saúde, completar toda a rede do SUS (Sistema Único de Saúde)", disse.  Dilma ressaltou que "recursos significativos" terão que ser investidor em segurança pública, uma vez que "não é possível resolver uma questão de envergadura nacional sem a cooperação entre estado, município e União". "Não é possível sem que a União participe efetivamente com recursos e sem que a gente dê uma clara prioridade para essa área. Na minha concepção duas áreas terão a minha integral atenção, para além dos ministros nomeados, eu também participarei do acompanhamento diário dessa área, e noturno, como o presidente falou para vocês, e também nos fim de semana", afirmou.

Fonte: Terra Brasil -Tatiana Damasceno - Direto de Brasília

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