quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Jeferson Bittencourt

Compras prevalecem e dólar sobe a R$ 1,682


Depois de oscilar fortemente ao longo do dia o dólar comercial encerrou a jornada ganhado valor do real. A moeda americana subiu 0,41%, para R$ 1,682 na venda. Mas, antes, havia caído a R$ 1,666 e subido a R$ 1,691.  O giro estimado para o interbancário ficou em US$ 3 bilhões. Montante elevado, mas ainda menor que os US$ 5,6 bilhões de ontem.  Na roda de "pronto", da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) o dólar ganhou 0,48%, a R$ 1,681. O volume subiu de US$ 87,75 milhões para US$ 99,75 milhões.  No mercado futuro, o dólar com vencimento novembro, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), subia 0,98%, a R$ 1,6895, antes do ajuste final de posições.  Grande parte da instabilidade do dia foi atribuída às alterações que o Conselho Monetário Nacional (CMN) fez no prazo da compra de dólares do Tesouro.  O CMN dobrou de dois anos para quatro anos o prazo de vencimento dos compromissos externos para os quais o Tesouro pode contratar câmbio no mercado à vista.  "A medida é para permitir que o Tesouro acelere as suas compras de moeda estrangeira", explicou Jeferson Bittencourt, assessor econômico do Tesouro.  Com a ampliação de prazos, o valor potencial de aquisições de dólares no mercado doméstico pelo Tesouro é de US$ 10,7 bilhões. Esse é o valor de dívida externa pública a vencer entre novembro de 2012 a outubro de 2014.  O fato é que tais explicações foram dadas após as 15h30. Até então, ainda circulavam pelo mercado quais seriam os agentes afetados pela mudança da norma, que na sua redação não especificou prontamente se a ampliação de prazos era válida apenas para o Tesouro ou também servia para outros agentes.  Antes da realização da coletiva do Tesouro, ainda surgiram rumores de que o governo poderia anunciar outras medidas para conter o movimento de valorização do real. Algo que não aconteceu e tirou força das compras.  Segundo o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, a tarefa do governo é ingrata, pois a queda do preço do dólar é um movimento mundial ainda sem freio aparente. Ainda assim, o especialista acredita que o governo peca pela forma de atuação, deixando espaço para dúvida.  Quanto menos claro e mais previsível o governo se torna em suas atuações, menos apoio ele ganha do próprio mercado para conduzir sua estratégia de valorização do real.  Olhando especificamente para o mercado, Knauer avalia que não é confortável ficar vendido em dólar, já que o governo está atuando contra o vendedor. Só que ficar comprado também não é uma boa opção, pois além do custo de carregamento da posição, tal estratégia vai contra o mercado no mundo todo.  Ainda de acordo com o especialista, a questão central segue a mesma: há um excesso de liquidez ao redor do mundo e os investidores precisam rentabilizar esses recursos.  Dado que o crescimento no mundo desenvolvido é muito baixo, os gestores se voltam às economias emergentes. E o Brasil é o emergente com grau de investimento que paga a maior taxa de juros do mundo. "E frente esses argumentos é difícil o governo obter sucesso."

Fonte: O Globo - Eduardo Campos

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