Há 2 meses, Itamaraty, AGU e PGR foram contra carro para boliviano
Roger Pinto
Em
junho deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU), a Procuradoria Geral da
República (PGR) e o Itamaraty se posicionaram contra ajuda ao senador boliviano
Roger Pinto, que queria deixar a Bolívia rumo ao Brasil. As informações
prestadas pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo
dos Santos, estão inclusas nos pareceres e balizaram posicionamentos da AGU e
da PGR encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) em uma ação apresentada
pelo político boliviano. Pinto desembarcou na madrugada deste domingo
(25) em Brasília após deixar La Paz com um carro da Embaixada brasileira,
segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB), até Corumbá (MS). O senador estava
asilado na Embaixada brasileira na Bolívia havia mais de um ano, alegando perseguição
política do governo Evo Morales. No processo protocolado no dia 16 de maio
no STF, a defesa do senador questionou a atuação do governo brasileiro na
resolução de seu caso e pediu um carro para deixar a Bolívia. O advogado
Tibúrcio Peña afirma que o senador teve direito de circulação restrito e que
não pode ter contatos externos por determinação do governo brasileiro. O
documento cita ainda que o Itamaraty, órgão do governo que negocia a situação
do senador, age com "inércia" e contraria tratados internacionais. Acionadas
pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, relator do habeas corpus pedido pela
defesa de Pinto, a AGU e a PGR se manifestaram contra possibilidade de governo
brasileiro conceder carro diplomático ao senador com base em informações do Itamaraty.
Marco Aurélio informou ao G1neste domingo (25) que
vai arquivar o processo porque houve "perda de
objeto". "Com a vinda do senador para o Brasil, o objeto está
prejudicado, já que o habeas corpus pedia a saída da Bolívia",
disse. O Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo
dos Santos, informou à AGU que a vinda de Roger Pinto sem o salvo-conduto
poderia “anular o efeito prático do asilo”. “Uma decisão que determine a
saída do senador Roger Pinto Molina da Embaixada sem a concessão de
salvo-conduto e de garantias de segurança pelas autoridades bolivianas, por sua
vez, impossibilitaria o Brasil de conceder qualquer forma de proteção jurídica
ao senador, tornando sem qualquer efeito prático o asilo diplomático concedido,
que desapareceria ipso facto”, diz no parecer da AGU.Neste domingo, o
Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que abrirá
inquérito para apurar as circunstâncias da transferência para o Brasil do
senador senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado havia mais de um ano na
embaixada brasileira em La Paz. Segundo a AGU, o governo, brasileiro não
podia Segundo a Agu, o governo brasileiro não podia conceder carro
diplomático, carro diplomático, uma vez que há decisões da Justiça boliviana
restringindo a possibilidade de o senador deixar o país. "Os pedidos
formulados pelo impetrante não são juridicamente possíveis, isto é, se o
governo brasileiro propiciar ao paciente o veículo requerido para que possa
sair da Bolívia, estaríamos violando a ordem internacional, descumprindo
decisões judiciais de tribunais bolivianos, que já decidiram que o paciente não
pode deixar o país." Conforme a AGU, para que o senador deixe o país
seria necessário um salvo-conduto por parte do governo boliviano, documento que
o Brasil não pode obrigar a ser concedido por ser prerrogativa daquele
país. "O Brasil deu início a intensas negociações, com o objetivo de
obter o salvo-conduto, sem o qual o paciente não consegue deixar a
Bolívia", argumentou a AGU. Para o então procurador-geral Roberto
Gurgel, contrário ao habeas corpus, como Pinto Molina foi beneficiário do asilo
diplomático, “não se pode concluir que houve violência ou coação em sua
liberdade de locomoção”.
Fonte: G1
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