Em visita ao Brasil, John Kerry defende espionagem comandada pelos EUA
John Kerry
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, defendeu ontem, ao iniciar viagem ao Brasil, a espionagem autorizada pelo pelo Governo dele em diversos países. Mas, defendeu um diálogo com as autoridades brasileiras para que entendam a iniciativa dos Estados Unidos. Kerry cumpriu agenda em Brasília. Foi recebido seguidamente pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a presidente Dilma Rousseff. Questionado sobre o fim da espionagem, Kerry respondeu: “Deixe-me ser transparente com vocês: eu não posso discutir questões operacionais, mas posso dizer que o Congresso (dos EUA) aprovou uma lei depois do 11 de setembro (de 2001), quando fomos atacados pela Al-Qaeda, e começamos um processo de tentar entender (os atentados) antes de nos atacarem”, declarou em uma entrevistas coletiva à imprensa. O secretário defendeu um diálogo maior com autoridades brasileiras para esclarecimentos sobre o assunto. Argumentou que a espionagem garante a segurança não apenas de cidadãos norte-americanos como de todo o mundo. “Nós vamos continuar a ter esse diálogo e vamos continuar tendo esse diálogo para ter certeza que o seu Governo entenda perfeitamente e esteja de acordo com o que precisamos fazer”, disse na coletiva. Católico e senador pelo Estado de Massachusetts, Kerry foi candidato do Partido Democrata a presidente dos EUA, derrotado pelo então presidente George W. Bush em 2004. O Brasil busca ter mais informações sobre quem e o que foi espionado pelos EUA no País. No Senado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada há cerca de um mês para apurar denúncias de interceptação de dados pelo Governo norte-americano. A intenção é apurar o monitoramento de telefonemas, redes sociais, emails e programas de busca, como o Google, prática realizada pelos norte-americanos há pelo menos 11 anos. As revelações de espionagem no Brasil foram publicadas no jornal O Globo com base em informações do ex-técnico da Agência Central de Inteligência (CIA), Edward Snowden. Uma reunião entre técnicos da inteligência de Brasil e dos EUA deve ocorrer em Washington para tratar do assunto. Ministros foram ao Congresso discutir o tema. Na ocasião, o titular da Defesa, Celso Amorim, e do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito, disseram que a notícia das interceptações por parte dos EUA não surpreendeu o Governo. A forma e escala do que foi feito é que são encaradas como novidades. No mês passado, Patriota afirmou que os esclarecimentos dados até então em Washington sobre espionagem no Brasil foram considerados “insuficientes”. (das agências de notícias). A visita de John Kerry ocorre em um momento delicado das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, pois há pouco mais de um mês surgiram as denúncias de que agências norte-americanas monitoravam cidadãos em vários países, inclusive no Brasil.
Fonte: O POVO online
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