Comissão da Verdade espera Dilma Roussef
O Brasil foi um dos últimos países da América Latina a criar a sua Comissão da Verdade, órgão destinado a investigar e esclarecer crimes cometidos por agentes do estado durante a ditadura militar. Somente 27 anos após o fim do regime autoritário inaugurado em 1964, um golpe que derrubou o presidente da República João Goulart, foram reunidas as condições políticas capazes de permitir a instalação da comissão. Mesmo assim, seu funcionamento não tem sido fácil. Enquanto em outros países que também vivenciaram ditaduras semelhantes comissões avançaram ao ponto de discutir até mesmo a revisão de suas leis de anistia, a situação no Brasil é diferente. Há fortes divergências internas e, se não há, praticamente, impedimento à atuação da comissão, a demora do governo na indicação dos substitutos de integrantes que pediram demissão ameaça criar um impasse. É um chavão, mas vale lembrar diante desse cenário: em política, não há espaço vazio. A lentidão do governo em decidir a indicação dos novos membros, além de prejudicar o trabalho da comissão, cria ambiente propício à distorções indesejadas na sua finalidade. A presidenta da República Dilma Rousseff demonstrou coragem e competência ao instalar a Comissão da Verdade e escolher nomes de respeito que encontraram ótima receptividade na opinião pública. Porém, se até o último minuto soube enfrentar e uperar obstáculos e descontentamentos localizados, a hesitação presente compromete a iniciativa e lança dúvidas sobre o futuro da Comissão da Verdade.
Fonte: Jornal do Brasil
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