Coreias concordam em retomar diálogo sobre complexo industrial conjunto
Kim Hyung-suk
As Coreias do Norte e do Sul anunciaram nesta quinta-feira (6) que
planejam estabelecer um diálogo sobre um complexo industrial conjunto e
sobre outras questões relativas à fronteira, após meses de relações
estremecidas e um dia antes de uma reunião entre EUA e China no qual
Pyongyang promete ser um assunto de destaque. Por várias semanas, no início do ano, a Coreia do Norte
desencadeou um fluxo quase que diário de ameaças contra o Sul e seu
aliado, os EUA, prometendo atacá-los com armas nucleares. As tensões na
península coreana chegaram ao ponto mais alto em décadas, mas diminuíram
desde o encerramento dos exercícios militares conjuntos dos EUA e
Coreia do Sul, no final de abril. A agência estatal de notícias norte-coreana, a KCNA,
divulgou um comunicado do governo nesta quinta-feira propondo
negociações com Seul para a normalização de projetos comerciais,
incluindo a zona industrial conjunta, a Kaesong, que foi fechada no auge
das tensões, no início de abril. O comunicado também diz que o país poderia restaurar os
canais de comunicação com o Sul, que foram cortados durante a crise, se
for aceita a oferta de negociações, indicando assim que o governo
norte-coreano está preparado para reverter uma série de medidas hostis
adotadas quando as relações se deterioraram. Entretanto, o programa
nuclear do país não entrará na discussão. O governo da Coreia do Sul disse que a proposta foi
positiva. Detalhes sobre a data e a pauta de negociações serão
anunciados posteriormente. "A Coreia do Sul considera de modo positivo a
oferta e espera que as negociações possam ser uma oportunidade para
construir a confiança entre as duas Coreias", disse o porta-voz do
Ministério da Unificação, que supervisiona os laços com o Norte, Kim Hyung-suk. A presidente do país, Park Geun-hye, também recebeu bem a
iniciativa de diálogo em nível governamental. "Eu sinto que é uma sorte
que o Norte tenha aceitado a proposta de conversações em nível de
governo mesmo que (a aceitação) tenha vindo tarde", disse, segundo o
gabinete presidencial. O comunicado da Coreia do Norte, assinado pelo Comitê
para a Reunificação Pacífica da Coreia, órgão que gerencia as relações
com o Sul, também propôs discutir a reabertura de passeios turísticos em
um resort montanhoso e reuniões de famílias separadas pela divisão do
país, bem como a realização de eventos para comemorar a realização da
cúpula de 2000, a qual reuniu os líderes dos dois países e deu início a
uma década de aproximação. A Coreia do Sul propôs anteriormente conversações com o
Norte sobre a reabertura da zona industrial de Kaesong, mas os
sul-coreanos relutam em ligar essas negociações com a comemoração da
cúpula, dizendo que a Coreia do Norte poderia tentar usá-las para
propaganda. Em dezembro, a Coreia do Norte intensificou seu desafio às resoluções do Conselho de Segurança da ONU lançando um foquete,
a partir do qual foi colocado em órbita um satélite científico, segundo
informou o país. Críticos dizem que o lançamento tinha como objetivo
desenvolver tecnologia para pôr uma ogiva nuclear em um míssil de longo
alcance. O Norte prosseguiu com o desafio em fevereiro, com o seu terceiro teste de uma arma nuclear. Essa ação resultou em novas sancões da ONU, o que, por sua vez, levou a uma intensificação das ameaças
norte-coreanas de ataques nucleares contra a Coreia do Sul e os Estados
Unidos. As ameaças já arrefeceram. No final de maio, o Norte
mandou um de seus altos funcionários militares à China e o enviado
especial do líder Kim Jong-un, Choe Ryong-hae, disse que o país está
disposto a dar "passos positivos" para a paz e a estabilidade. As duas Coreias continuam, tecnicamente, em estado de
guerra, há mais de 60 anos, porque a Guerra da Coreia chegou ao fim em
1953 com uma trégua e não com um tratado de paz. As últimas reuniões de
famílias coreanas separadas pela fronteira pela guerra foi realizada em
2010. Sob o poder de Kim Jong-un, o filho de Kim Jong-il, a Coreia do Norte colocou como prioridades o
desenvolvimento da economia e das armas nucleares. Em discurso no Dia da
Memória, a presidente Park repetiu suas críticas sobre essa postura,
dizendo que os dois objetivos não podem ser obtidos simultaneamente. O Norte estabelececeu zonas de desenvolvimento econômico
na Kaesong e perto da fronteira chinesa em Rason para obter investimento
estrangeiro. Na quarta-feira, a Agência de Notícias Central Coreana, do
Norte, anunciou que o país aprovou uma lei permitindo a criação de
novas zonas de desenvolvimento econômico, abertas para investidores
estrangeiros. Não ficou claro quando essas zonas serão estabelecidas.
Fonte: Último Segundo
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