Renan diz que não leu MPs em defesa de papel constitucional do Senado
Renan Calheiros
O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), afirmou nesta quarta-feira, 29, que "não havia outra coisa a
fazer a não ser deixar de ler as Medidas Provisórias" 605 e 601. As duas
MPs, que tratam de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético
(CDE) para garantir o desconto na conta de luz e da desoneração da folha
de pagamentos para setores da economia, respectivamente, foram votadas e
aprovadas ontem na Câmara dos Deputados. No entanto, como ambas caducam na próxima
segunda-feira (3), ou seja, antes do prazo mínimo estabelecido pelo
próprio presidente do Casa para que o Senado aprecie medidas provisórias
vindas da Câmara, e Renan Calheiros não as leu na sessão de ontem,
portanto, as MPs perderão mesmo a validade. "Não há o que rever, porque havia
anteriormente um compromisso. Nós não tínhamos como não cumprir o
compromisso", disse Renan. "Na defesa do papel constitucional do Senado,
não havia outra coisa a fazer a não ser deixar de ler as medidas
provisórias". Renan negou que sua decisão possa de alguma forma
prejudicar a relação do PMDB com o governo. "Muito pelo contrário, a
presidente tem tido todo o apoio do Congresso, continuará tendo",
avaliou. Aprovadas ontem na Câmara, a MP 605 permite o uso de
recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para compensar
descontos concedidos a alguns setores na estrutura tarifária e
viabilizar a redução da conta de luz, vigente desde janeiro deste ano,
enquanto a MP 601 desonera a folha de pagamento de vários setores da
economia. A decisão foi tomada com base no acordo firmado por ele
com os demais senadores estabelecendo que o Senado não votaria mais MPs
que chegassem para análise com
menos de sete dias de prazo para vencer. “Com o plenário do Senado nós menos de sete dias de prazo para vencer. O acordo não
será revogado", anunciou Renan ontem aos senadores que ainda
permaneceram na sessão após as votações do dia. Na opinião de Renan, a Câmara vem “testando” o Senado ao
enviar as MPs nos últimos dias de prazo antes de perderem a validade.
Ele garantiu que o governo terá condição de reeditar as duas MPs que vão
perder a validade por não terem sido lidas. “O que o governo e a Câmara
dos Deputados não podem fazer é apequenar o Senado Federal não dando
condições para a Casa votar as medidas provisórias”, disse Renan. Os líderes governistas tentaram reverter a decisão
argumentando que se for contado o dia de chegada das MPs, elas ainda
teriam prazo para ser votadas sem ferir o acordo. O líder do governo,
senador Eduardo Braga (PMDB-AM), alegou que a MP 605 chegou ao Senado
antes da ordem do dia e, portanto, poderia ter o prazo de sete dias
considerado. As duas MPs perderão a validade no dia 3 de junho. Diante do protesto do líder do governo na Casa, senador
Eduardo Braga, Renan decidiu encaminhar o recurso para leitura da MP 605
à Comissão de Constituição e Justiça para um parecer sobre a decisão. Assim como Braga, o líder do PT, senador Wellington Dias
(PT-PI), alegou que esta terça-feira poderia contar no prazo de sete
dias. “Não há nenhuma situação de constrangimento se nós fizermos a
contagem do tempo incluindo o dia de hoje”, alegou. Outros senadores, no entanto, pressionaram no sentido
contrário. O senador Pedro Taques (PDT-MT), alegou que a decisão
política defende o Senado e não pode ser mudada de acordo com cada
medida provisória. “Não existe MP mais importante que a outra. Todas são
importantes. É uma questão de defender o Senado”, ressaltou. Mais cedo, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann,
disse que o governo lamenta a perda de validade das MPs. Segundo ela, o
governo irá garantir a manutenção em vigor das políticas previstas nas
duas medidas de modo a evitar prejuízos para a sociedade.
Fonte: Último Segundo
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