Leite pesa no orçamento por conta da inflação de 7%
A dona de casa está fazendo malabarismos para encontrar ofertas de
leite que não pesem tanto no orçamento. Os preços desse produto, tanto
em caixinha (longa vida) quanto em pó, subiu mais que o dobro da
inflação acumulada neste ano. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
leite longa vida acumulou inflação de 7,56% neste ano. A alternativa
para as caixinhas, o leite em pó atingiu patamar pouco superior, de
7,96%. No mesmo período, o aumento médio dos preços às famílias foi de
3,06%. Os dados foram publicados ontem, por meio do IPCA-15 (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado como a prévia da inflação
oficial do País para os domicílios com renda de até 40 salários-mínimos. "Está pesando bastante no orçamento", desabafou a costureira
andreense Maria Lúcia Facioni. Ela contou que o leite é um dos
principais itens da cesta de alimentação da sua casa. "Eu, meu marido e
dois netinhos, um de 5 anos e outro de 7, consumimos, em média, dois
litros por dia", explicou. Os valores nas contas da professora de Santo André Marcela Curata
também aumentaram no fim do mês. Ela, o marido e dois filhos consomem
cerca de 24 litros de leite por mês. "Até o fim do ano eu pagava entre
R$ 1,80 e R$ 1,90 por litro. Agora a caixa com 12 custa R$ 28 R$ 2,33
por unidade." Marcela sentiu na pele o que a pesquisa de cesta básica semanal da
Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André)
apontou até a semana passada. Nos supermercados da região, o preço do
leite longa vida teve acréscimo médio de 15%. Saltou de R$ 1,99 no fim
de 2012 para R$ 2,29 no último levantamento. A inflação acentuada da bebida não é exclusividade da região,
garantiu o economista Paulo Martins, que é pesquisador da área de
socioeconomia da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
Gado de Leite. "No Brasil, o consumo de leite tem crescido mais que a
produção. Neste momento, estamos na entressafra do produto", explicou.
Portanto, se a demanda aumenta e a oferta está enxuta, o resultado é
custo elevado. "Os valores já começam a se estabilizar no atacado e junto aos
produtores. Nos próximos 60 dias ainda é possível que haja elevação. A
partir daí deverá ocorrer estabilidade, com queda de preços de agosto
até dezembro (ao consumidor)", estimou Martins. Entre 13 de abril e 14 de maio, o preço do leite longa vida subiu
3,14%, segundo o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo
período, o grupo alimentação desacelerou para 0,47% frente o intervalo
de 15 de março a 12 de abril, quando atingiu elevação de 1%. O IBGE afirmou que a menor pressão do lado dos alimentos garantiu a
maior força contra a inflação ao consumidor, que desacelerou de 0,51%
para 0,46%. O leite em pó acompanhou o seu parceiro e encareceu 3,32% no período. Além da bebida, segundo o IBGE, os remédios exerceram grande impacto
na inflação às famílias. "A alta de 2,94% em maio após a de 0,93% em
abril refletiu o reajuste vigente desde o dia 4 de abril, que variou de
2,70% a 6,31% conforme a classificação do medicamento, e, com isto, o
ano acumula elevação de 4,18%", informou o instituto.
Fonte: Diário do Grande ABC
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