OMC revisa novamente em baixa previsão de crescimento do comércio mundial
A Organização Mundial de Comércio (OMC) revisou pela segunda vez em
baixa suas previsões de crescimento do comércio mundial para 2013, a
3,3%, em vez dos 4,5% anteriores, devido à situação econômica na Europa. Segundo
o diretor da organização, Pascal Lamy, "o peso da União Europeia no
comércio mundial é determinante e encontra-se em uma fase profunda de
ajuste estrutural em longo prazo".
"A UE não crescerá
sensivelmente nem em 2014, nem em 2015", acrescentou nesta quarta-feira
em uma coletiva de imprensa por ocasião da publicação do relatório sobre
o comércio mundial em 2012 e as perspectivas para 2013. Em abril
de 2012, a OMC adiantou que o comércio mundial cresceria neste ano 5,6%,
mas em setembro já revisou em baixa estes dados. Em 2013, o
comércio mundial seguirá fraco, afirma a organização internacional, em
comparação com o crescimento médio de 5,3% registrado nos últimos 20
anos. O ano de 2013 se parecerá com 2012, acrescenta a organização, que espera uma melhora em 2014, com uma previsão de 5%. Segundo Lamy, "a desaceleração foi maior que o previsto no fim do ano". No
ano passado, as exportações dos países industrializados, que
representam 50% do PIB mundial, aumentaram 1%, enquanto as dos países em
desenvolvimento cresceram 3,3%. Por sua vez, as importações dos primeiros caíram 0,1% em 2012, e as dos segundos cresceram 4,6%. Para
Lamy, que conclui seu mandato no dia 31 de agosto, em 2012 houve uma
disparidade entre os países industrializados e as nações em
desenvolvimento que pode se acentuar em 2013. Por tudo isso, a OMC
prevê que as exportações dos países desenvolvidos aumentem neste ano
1,5%, quase quatro vezes menos que as dos emergentes (+5,3%). A tendência é a mesma no caso das previsões de crescimento das importações, com 1,4% para os desenvolvidos e 5,9% para o resto. No
ano passado, os países africanos tiveram excelentes resultados quanto
ao comércio, com um crescimento de 6,1%, logo atrás da China (+6,2%). "O PIB africano cresceu 9% em 2012", lembrou Patrick Low, economista-chefe da OMC. Para
2013, a OMC afirma que nos "Estados Unidos o desemprego cai
progressivamente, enquanto os gastos de particulares se recuperam". Mas
estas melhorias contrastam com "a fraqueza da situação econômica na
Europa"."O crescimento da China poderá continuar sendo superior
ao do resto das economias", mas suas exportações vão se ressentir da
queda da demanda europeia. O diretor-geral da OMC também fez um
apelo para que o sistema comercial mundial seja reforçado, o que
evitaria que os "países caíssem em um nacionalismo econômico
autodestrutivo". "O comércio mundial pode, assim, se converter
novamente em motor de crescimento (...) em vez de ser um barômetro de
instabilidade, o caminho a seguir está traçado, o que nos falta é
encontrar a vontade". A OMC é uma organização internacional
integrada por 158 Estados-membros cujo objetivo é liberalizar o comércio
mundial, desmantelando as barreiras alfandegárias e outros subsídios
que dificultam e encarecem os produtos. Em 2001, a OMC lançou a
rodada de Doha, que pretende liberalizar o comércio mundial, mas estas
negociações estão em ponto morto há vários anos. Para suceder
Lamy, que realizou dois mandatos de 4 anos à frente da OMC, há 9
candidatos, oito deles dos países em desenvolvimento. O processo de seleção ocorre atualmente e espera-se que seja concluído no fim de maio.
Fonte: R7
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