Últimos neandertais não coexistiram com homem moderno, diz estudo
Homo neanderthalensis
As teorias sobre quando os últimos neandertais (Homo neanderthalensis)
passaram pela Terra precisam ser revistas, de acordo com um estudo
publicado na segunda-feira (4) pela revista "Proceedings of the Natural
Academy of Sciences" (PNAS), da Academia Americana de Ciências. O artigo sugere que esses hominídeos se extinguiram em seu último
refúgio na Espanha, muito mais cedo do que se pensava. Nos últimos 30
anos, a hipótese de que os neandertais restantes viveram no sul da
Península Ibérica, ao mesmo tempo em que os homens modernos (Homo sapiens) avançaram na parte norte da península, foi amplamente aceita pela comunidade científica. A datação de carbono das ossadas encontradas em sítios neandertais
dessa região determinava que o indivíduo mais jovem teria vivido há
cerca de 35 mil anos. Mas pesquisadores da Austrália e da Europa
reexaminaram os ossos com um método mais apurado para filtrar impurezas e
concluíram que o material tem cerca de 50 mil anos. "É improvável que os últimos neandertais dessa região tenham persistido
até uma data tão tardia como pensávamos anteriormente" assegura Jesús
Jordá, coautor do estudo e pesquisador do Departamento de Pré-História e
Arqueologia da Universidade Nacional de Educação a Distância da Espanha
(Uned). O estudo contesta a ideia de que os seres humanos modernos e os
neandertais coexistiram e até mesmo tiveram relações sexuais durante
milênios, já que o Homo sapiens não teria se instalado naquela região antes de 42 mil anos atrás. "Os resultados sugerem que há grandes problemas com a datação dos
últimos neandertais na atual Espanha", disse Thomas Higham, vice-diretor
da Unidade de Acelerador de Radiocarbono da Universidade de Oxford, na
Inglaterra. "É pouco provável que os neandertais tenham sobrevivido mais
nessa área do que em outros lugares da Europa Continental", afirmou. No entanto, o trabalho não exclui completamente a possibilidade de que
os neandertais tenham vivido até 35 mil anos atrás. O problema é que o
clima quente na Península Ibérica degrada rapidamente uma proteína-chave
usada no processo de datação por radiocarbono. Os pesquisadores só puderam testar ossos de dois dos 11 sítios de
neandertais na Espanha. O material foi submetido a um novo método,
chamado "ultrafiltração", que remove as mais recentes moléculas de
carbono que podem ter contaminado os ossos e fazê-los parecer mais
jovens do que realmente são. As novas técnicas levam a datações mais antigas, segundo o pesquisador
sênior Chris Stringer, do Museu de História Natural da Grã-Bretanha. De
acordo com ele, os novos métodos devem agora ser aplicados a outros
sítios na Espanha. "Até que isso seja feito, deve haver um ponto de interrogação
significativo sobre a possível sobrevivência tardia dos neandertais na
região", afirma. Stringer diz que, se as ossadas de outros sítios também forem mais
velhas, qualquer encontro entre os neandertais e o homem moderno
precisaria ter ocorrido mais cedo do que se imaginava. "Evidências na Grã-Bretanha, Bélgica, França, Alemanha e Itália apontam
cada vez mais para uma presença humana moderna anterior a 40 mil anos
atrás", disse Stringer. "A nova cronologia sugere que qualquer interação
entre os últimos neandertais e os primeiros homens modernos na Europa
também precisaria ter sido anterior, e não posterior, aos 40 mil anos". Há, ainda, a possibilidade de que os neandertais tenham sobrevivido por
mais tempo em outros cantos da Europa, disse a coautora Rachel Wood, da
Universidade Nacional da Austrália. "Existem algumas outras áreas possíveis que também podem ter funcionado
como refúgio para as espécies, como o Cáucaso, mas a datação de
radiocarbono nessas áreas também tem sido problemática", destacou
Rachel.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
acesse o link abaixo para maiores informações
http://assurb116teresopolis.blogspot.com/