Governo lança 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
José Eduardo Cardozo
Considerado um crime invisível, o tráfico de pessoas é uma prática
frequente e preocupante no Brasil. O primeiro relatório sobre esse tipo
de crime, divulgado pelo Ministério da Justiça, revela que entre 2005 e
2011 foram instaurados 514 inquéritos pela Polícia Federal. Desses, 344
são relativos a trabalho escravo e 13 a tráfico interno de pessoas. No
mesmo período, houve 381 indiciamentos, enquanto as prisões chegaram a
158. Segundo o relatório, além das dificuldades para reunir provas
do crime dificultam a punição, a legislação brasileira pune apenas o
tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. Falta previsão
previsão legal para punir crimes de tráfico para fins de trabalho
escravo, trabalho doméstico, venda de órgãos e tráfico de crianças. O aperfeiçoamento da legislação é um dos eixos do 2º Plano
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lançado hoje (26) pelo
Ministério da Justiça e pelas secretarias de Direitos Humanos e de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Também foi
apresentado relatório informando que as dificuldades para reunir provas
dificultam a punição desse tipo de crime. Para melhorar a
legislação brasileira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
disse que pedirá aos presidentes da Câmara e do Senado celeridade na
apreciação de projetos de lei que ampliam a tipificação de crimes
envolvendo o tráfico de pessoas. Para
o governo, a abordagem da vítima é suficiente para caracterizar o
crime. Não precisa que a exploração sexual ou o trabalho escravo seja
consumado, por exemplo. Além disso, o consentimento da vítima é
considerado irrelevante, já que foi obtido por meio do engano e da falsa
promessa. José Eduardo Cardozo disse que um problema ainda mais
importante é a falta de denúncia, resultado da vergonha ou medo das
vítimas. “Nós precisamos conscientizar a sociedade brasileira de que as
informações têm que chegar ao Poder Público porque, sem essas
informações, não temos como abrir inquérito, não temos como investigar,
não temos como punir aqueles que praticam esse tipo de violência contra
seres humanos”, destacou. Entre as 115 metas previstas no plano
até 2016, também estão a capacitação de profissionais de várias áreas, a
criação de mais dez postos de atendimento em cidades de fronteira, a
aprovação de projetos de lei que impliquem na perda dos bens dos
envolvidos com o tráfico de pessoas e a internacionalização, ainda este
semestre, dos serviços de atendimento Disque 100 e Disque 180 - centrais
de denúncia que funcionam 24 horas por dia. “Os aliciadores são
pessoas muito próximas das vítimas. Não são pessoas estranhas. Esse é um
perfil que nós temos identificado estatisticamente”, disse a ministra
da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci. O
plano também prevê a promoção e participação do Brasil em campanhas
nacionais de internacionais de combate ao tráfico de pessoas. Os
ministros receberam cópia do relatório produzido pela Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que funcionou no
Senado, cujos trabalhos foram encerrados em dezembro. O ministro da
Justiça disse que as propostas de legislação apresentadas pela CPI terão
prioridade na pauta da pasta no Congresso. A Câmara dos Deputados
também tem uma CPI sobre o assunto, ainda em andamento.
Fonte: Jornal do Brasil
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