BNDES pode criar linha de crédito para distribuidoras
As distribuidoras de energia elétrica tentarão negociar com a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) possíveis soluções para aliviar o
aumento dos custos da energia causado pelo acionamento de termelétricas.
A principal alternativa é a liberação de crédito subsidiado, via Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para dar
equilíbrio de caixa para as empresas. Ligadas desde o final do ano passado para compensar o
baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, a energia das
térmicas tem um custo mais alto que está afetando o fluxo de caixa das
distribuidoras. Algumas companhias reclamam que não terão capacidade de
arcar com os valores. A Associação Brasileira de Distribuidores de
Energia Elétrica (Abradee), que representa o setor, terá reunião amanhã
na sede da agência reguladora, em Brasília, para discutir o assunto. Segundo apurou o BRASIL ECONÔMICO, as empresas estão
algum tempo fazendo pressão no Ministério da Fazende a no Ministério de
Minas e Energia (MME) para solucionar o impasse. O BNDES já tomou
conhecimento da demanda e não descarta atender ao pedido, mas ainda não
iniciou os estudos técnicos necessários para abertura da linha de
crédito. O programa exigiria uma avaliação setorial, uma vez que não são
todas as distribuidoras que possuem apenas problemas de fluxo de caixa. Pelas regras atuais, as distribuidoras precisam antecipar
os pagamentos às geradoras para somente, meses depois, consigam
recuperar os valores por meio da venda de energia aos consumidores. O
repasse do custo mais elevado de acionamento das térmicas só pode ser
feito uma vez por ano, em época de reajuste tarifário — data que varia
de acordo com cada distribuidora. Por isso, as empresas do setor irão
negociar maneiras para diminuir o rombo no fluxo de caixa até o período
dos reajustes tarifários. “Já temos um diagnóstico de que essa situação precisa
receber nossa atenção e iremos analisar todas as alternativas possíveis
para resolver o problema”, afirma o diretor da Aneel, Romeu Rufino. Para Rufino, por conta das realidades diferentes de cada
empresa do setor, apenas uma solução não será possível. “Será preciso de
medidas complementares”, afirma. Na mesa de debates estão propostas que
possam dividir entre diferentes agentes do setor o custo do acionamento
de térmicas. Uma das propostas em discussão seria repassar o aumento
dos custos das distribuidoras mensalmente para o consumidor alterando a
regra que repassa anualmente a elevação do preço da energia. Essa
solução estaria praticamente descartada porque pode ameaçar o controle
da inflação. Independente da solução que seja dada para as empresas, o
governo quer evitar que o consumidor arque sozinho pelo acionamento das
térmicas. Rufino confirmou estudos que deverão ser analisados pelo
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) com medidas que possam
evitar que as distribuidoras repassem integralmente o aumento do custo
de energia para o consumidor final, mas se absteve de comentar o tema.
“Decisões sobre quem irá pagar a conta do acionamento das térmicas é uma
discussão que cabe ao CNPE”, afirma Rufino. Uma das soluções nesta direção seria modificar uma
resolução de 2007, do CNPE, que estabelece que os aumentos de custos,
causados pelo acionamento das térmicas, devem ser bancados pelo
consumidor final.
Fonte: Economia - iG
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