Sem o líder, manifestação lança novo mandato de Chávez na Venezuela
Hugo Chávez
Com Hugo Chávez se tratando em Cuba há um mês, o governo da Venezuela
inicia nesta quinta-feira (10) seu novo mandato presidencial com uma
grande concentração popular e na presença de presidentes
latino-americanos, no dia em que o governante deveria tomar posse diante
da Assembleia Nacional. A cerimônia começou em um ambiente tranquilo, depois de ter sido resolvida uma controvérsia constitucional com a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de que Chavéz não deve ser substituído e que seu governo continua em funções, o que foi aceito pelo líder da oposição, Henrique Capriles. "É um dia histórico, porque começa o mandato do presidente Chávez
2013-2019", afirmou o vice-presidente Nicolás Maduro ao convocar o povo
venezuelano a se reunir nesta quinta-feira diante do palácio de
Miraflores, sede do governo, na presença dos presidentes da Bolívia, Evo
Morales, do Uruguai, José Mujica, e da Nicarágua, Daniel Ortega. Após a decisão do TSJ, Maduro seguirá exercendo a presidência com os
poderes limitados transferidos há um mês por Chávez, que o designou
então como seu herdeiro político. Pela televisão, imprensa escrita ou Twitter, o governismo convocou seus
seguidores a se reunirem em massa diante do palácio de Miraflores, sede
do executivo, onde, segundo o presidente da Assembleia Nacional e
número dois do governante PSUV, Diosdado Cabello, 'o povo será investido
como Presidente'. Chávez conta com uma permissão ilimitada da Assembleia Nacional, de
maioria governista, para se ausentar do país "por todo o tempo que
precisar para cuidar de sua doença"O TSJ rejeitou que seja preciso declarar a "falta temporária" do
presidente - como exigia a oposição - que depois de seis meses de
ausência conduziria a novas eleições. Capriles aceitou a decisão do TSJ,
embora tenha afirmado que era uma "resposta a um interesse político", e
convocou Maduro a "assumir a responsabilidade do cargo que ocupa e
governar", depois de indicar que o executivo está paralisado. Governador reeleito em dezembro do populoso estado de Miranda (norte) e
que no dia 7 de outubro perdeu as eleições para o presidente por 11
pontos, descartou convocar nesta quinta-feira a oposição a uma
manifestação paralela. "Não estamos aqui buscando nenhum confronto nem colocando os
venezuelanos para brigar uns com os outros", disse Capriles, e
acrescentou que seu principal objetivo é "ter um país melhor". Com um "Hasta la vida siempre!'" o presidente se despediu há um mês dos
venezuelanos ao partir para Cuba para realizar uma quarta operação
contra um câncer. Desde então, Chávez, que durante 14 anos de governo
teve uma presença quase diária nas telas de televisão, não foi visto ou
ouvido por seus compatriotas. Seu estado é "estacionário", depois de ter sofrido uma insuficiência
respiratória provocada por uma severa infecção pulmonar, segundo o
último boletim divulgado na segunda-feira pelo governo. Maduro, que classificou a decisão do TSJ de "veraz, apegada às leis da
República", indicou que conversou por telefone com a presidente Dilma
Rousseff, que não participará da cerimônia em Miraflores. Segundo Maduro, Dilma ratificou 'toda a sua confiança no desenvolvimento da democracia venezuelana", depois da divulgação da sentença do tribunal. "Estamos muito felizes" com a decisão do Tribunal "que leva paz,
tranquilidade e sossego a todo o povo da Venezuela", afirmou, por sua
vez, o chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas,
Wilmer Barrientos. Barrientos informou na quarta-feira que o exército reforçou os postos
fronteiros para atingir "esta sensação de paz que o povo venezuelano
exige".
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