Patriota evita especular sobre situação de Chávez e elogia Maduro
Antonio Patriota
O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, destacou nesta
quinta-feira a necessidade de ser "muito cuidadoso e respeitoso" com a
soberania da Venezuela diante da incerteza institucional que o país vive
com a ausência do presidente Hugo Chávez e elogiou seu vice, Nicolás
Maduro. Patriota disse em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiras em
São Paulo que cabe aos venezuelanos e às autoridades do país determinar
mediante seus próprios procedimentos "o caminho a ser tomado" em um
contexto no qual é desconhecida a data da volta do governante, que
permanece em Cuba após se submeter a uma nova operação contra um câncer. Diante da possibilidade de que a recuperação de Chávez seja prolongada,
pois o mesmo viajou para Cuba há mais de um mês para ser operado pela
quarta vez, Patriota evitou adotar uma posição "sobre uma hipótese que
não se confirma neste momento" e acrescentou que espera seu "breve
restabelecimento". Na entrevista, o chefe da diplomacia brasileira lembrou que o
Parlamento venezuelano autorizou o deslocamento a Cuba de Chávez, que
foi reeleito em outubro passado como presidente para um novo mandato de
seis anos. Além disso, a Corte Suprema do país aprovou o adiamento de
sua cerimônia de posse, que deveria ter sido realizada no último dia 10,
segundo a Constituição. Patriota acrescentou que não ocorreu nenhum questionamento no contexto
internacional sobre as decisões venezuelanas. No entanto, o Canadá
enviou uma missão à Venezuela e o embaixador do Panamá nessa
organização, Guillermo Cochez, a título pessoal, considerou que o
secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José
Miguel Insulza, se precipitou ao convalidar as decisões da Justiça e da
Assembleia Nacional venezuelanas. A oposição venezuelana afirmou, por sua parte, que na Venezuela há uma
submissão dos outros poderes ao Executivo. Patriota também destacou que
durante as eleições presidenciais na Venezuela, nas quais Chávez se
proclamou vencedor pela terceira vez, o país demonstrou ser uma
sociedade "democraticamente madura". Disse também que "a luta pelo poder ocorre em todos os cenários", em
uma aparente referência ao desacordo com o adiamento da posse por parte
da oposição venezuelana, e acrescentou que o importante é que tal luta
"ocorra com observância à lei e aos preceitos que cada país estabelece". Patriota reafirmou sua confiança em que a situação, seja qual for o
desenlace, evolua com base na institucionalidade e com "o mínimo
sobressalto para que a sociedade venezuelana possa se organizar
politicamente no prazo mais curto". Sobre o estado de saúde de Chávez, o ministro declarou que o Brasil
conhece o que é sabido publicamente: que aconteceu um agravamento da
saúde do líder no final do ano, que Chávez necessita de uma recuperação
complexa e uma estabilização nas últimas duas semanas. "É a realidade da
qual temos conhecimento e não queremos especular", comentou Patriota. E diante da possibilidade da saúde de Chávez o impedir de voltar a
governar e for necessária a realização de novas eleições, o chanceler se
limitou a dizer que o próprio líder mencionou esse cenário antes de
embarcar em direção a Cuba e indicou seu vice, Nicolás Maduro, como seu
sucessor. Patriota também falou sobre Maduro, dizendo que em seu trabalho como ministro das Relações Exteriores demonstrou possuir "qualidades diplomáticas", está "extremamente interessado" na relação com o Brasil, além de estar comprometido com a integração nacional e ser um interlocutor competente. Patriota também manifestou esperança que as negociações entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) produzam "resultados tangíveis" em um prazo máximo de um ano. Ele destacou o início das conversas entre o executivo liderado por Juan Manuel Santos e a guerrilha como um dos fatos importantes ocorridos no ano passado na América Latina. O chanceler disse que o Brasil recebeu a notícia como uma "evolução extremamente significativa e positiva". "Nossa expectativa é que esse processo siga adiante e dentro de um prazo curto, que esperamos que seja no máximo de um ano, já produza resultados tangíveis", disse Patriota.
Fonte: Portal Terra
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