Lei que reduz a conta de energia é publicada com vetos
A legislação que vai permitir a redução das contas de luz foi publicada
nesta segunda-feira, 14, no Diário Oficial da União. A Lei 12.783/2013
prorroga por mais 30 anos as concessões de geração, transmissão e
distribuição de energia hidrelétrica e por mais 20 anos as concessões de
geração de energia termelétrica das concessionárias que aceitaram
reduzir as tarifas. O cálculo das novas tarifas, apresentado pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de 2012, reduz em
até 70% a remuneração das concessionárias pelo serviço prestado. Com
isso, o governo espera reduzir a tarifa de energia em cerca de 20%,
graças a extinção de alguns encargos e a indenização das concessionárias
pelos ativos ainda não depreciados de acordo com um novo valor de
reposição, também calculado pela Aneel. A nova lei tramitou no
Congresso Nacional como Medida Provisória 579/2012, e, posteriormente,
como Projeto de Lei de Conversão nº 30/2012. O PLV 30/2012 acrescentou
alguns dispositivos, que foram vetados pela presidente da República,
Dilma Rousseff. Ao todo foram seis vetos a pontos acrescentados pelo
Legislativo, fazendo com que o texto da lei fosse praticamente igual ao
da medida provisória. Foram
vetados dois incisos incluídos no PLV 30/2012 pelo deputado federal
Vicentinho (PT-SP), submetendo à Aneel questões relativas a saúde e
segurança no trabalho como critérios para conceder a prorrogação da
concessão. A presidente justificou o veto dizendo que essas seriam
atribuições do Ministério do Trabalho e não da agência. Outro
dispositivo, incluído pelo relator da MP 579/2012 na Comissão Mista,
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi vetado pelo Executivo. O
parágrafo obrigava o governo a reverter, em favor da modicidade
tarifária, o montante não utilizado na arrecadação da Taxa de
Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica. Essa taxa, uma das que
compõem a conta de luz dos brasileiros, é destinada a financiar
atividades da Aneel, e o que não é utilizado pela Agência vai para o
Tesouro Nacional para compor o superávit primário. A presidente
justificou o veto, afirmando que a devolução da taxa desvirtua a
vinculação do produto da arrecadação da atividade que deu causa à sua
instituição. Os outros vetos dizem respeito a dispositivos que
tentaram restaurar um equilíbrio econômico-financeiro de empresas que
venceram os leilões das hidrelétricas na época em que eram feitos pelo
maior valor pelo Uso de Bem Público (UBP). Algumas empresas ainda não
conseguiram construir suas usinas devido à demora da licença ambiental. O
artigo 31 vetado permitia a assinatura de um termo aditivo para que os
valores de UBP fossem recalculados e recompunha os prazos de concessão,
que seriam contados a partir da data de emissão da licença ambiental. Na
justificativa, a presidente disse que o artigo não poderia ser aceito
por violar os princípios da isonomia e da modicidade tarifária. A
publicação da nova lei traz a expectativa de reduzir um gasto
importante no cotidiano do brasileiro. Mas a meta inicial do governo de
reduzir as tarifas de energia elétrica em 20% ficou prejudicada depois
que algumas concessionárias de geração de energia elétrica não
concordaram com a medida provisória e decidiram pela não prorrogação dos
contratos. A Cesp, Cemig (Sudeste), Copel, Celesc (Sul) e Celg
(Goiás) não vão prorrogar as concessões de nenhuma de suas usinas
hidrelétricas, o que provocaria uma redução de apenas 16,7% nas tarifas.
No entanto, o governo afirmou que vai bancar o que falta para a meta
inicial de 20% de redução tarifária. Na visão do consultor
legislativo do Senado, Luiz Alberto da Cunha Bustamante, em 2013 ainda
vai ser difícil o brasileiro perceber a diminuição da conta, pois além
das empresas que decidiram não aderir à redução das tarifas, o governo
teve que gastar mais com o uso das termelétricas devido ao baixo nível
dos reservatórios de água das hidrelétricas no começo do ano. E isso
deve ser cobrado na conta de luz. - Num primeiro momento, vai ter
a redução tarifária da lei, mas também um aumento pelo uso das
termelétricas. Eu ainda não sei como o governo vai fazer para chegar aos
20% de redução, mas pode ser que em 2013 ainda seja complicado - disse. O
consultor disse que esse gasto com o uso das termelétricas, no entanto,
é temporário, enquanto que a redução da tarifa de energia pela nova lei
é permanente e significativa.
Fonte: Tribuna do Norte
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