Joaquim Barbosa assume o STF e critica desigualidade da Justiça
Joaquim Barbosa
Em Brasília, foi até tarde da noite a comemoração da posse do ministro
Joaquim Barbosa como presidente do Supremo Tribunal Federal. No
discurso de posse, ele criticou a desigualdade no acesso à Justiça no
Brasil. Em uma cerimônia com toda a liturgia do Supremo, com a presença de
Dilma Rousseff e várias autoridades e artistas, Joaquim Barbosa
conseguiu dar um tom pessoal. Ao discursar, falou pouco. E prometeu uma
justiça sem firulas, rodeios e rapapés. E agradeceu a ‘querida
mãezinha’. O hino nacional tocado no bandolim. Foi assim que Hamilton de Hollanda
homenageou o novo presidente do Supremo. E ele não foi o único artista a
prestigiar a posse de Joaquim Barbosa. A família foi em peso da cidade de Paracatu, em Minas, e ficou na
primeira fila. Depois de receber autoridades, Joaquim ouviu as saudações
dos colegas. Ao falar da trajetória do primeiro presidente negro do Supremo, o
ministro Luis Fux citou o líder sul africano Nelson Mandela e o ativista
americano Martin Luther King. “Sonhe como sonhou Mandela pela igualdade e Martin Luther King, que no
Madison Square Garden, revelou ter sonhado que um dia homens seriam
iguais, trabalhariam e rezariam juntos. E vê-se hoje que os sonhos não
inventam”. O procurador-geral da República lembrou que o novo presidente do
tribunal veio do Ministério Público e aproveitou para criticar o projeto
que tramita no Congresso e que pretende diminuir o poder de
investigação do órgão. “Privar o Ministério Público dessa atividade de
defensor do direito e promotor da Justiça é apartá-lo de si mesmo, é
desnaturá-lo até não restar pedra sobre pedra. A quem interessa retirar o
poder de investigação?”, questionou Roberto Gurgel. Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil disse que, ao conduzir
o julgamento do mensalão, Joaquim Barbosa ajudou a aproximar o
judiciário da sociedade. “Fixou em cada cidadão, em cada cidadã, a real
compreensão de que ninguém está acima da lei. E que a igualdade
preconizada na lei maior, existe sim. Quem infringe a lei deve responder
pelos seus atos”, disse Ophir Cavalcante. Joaquim Barbosa encerrou a solenidade falando dos desafios da Justiça.
Foi um discurso objetivo. Em pouco mais de 15 minutos, o ministro falou
sobre a atuação do judiciário. Disse que a Justiça tem que ser mais
rápida, e os juízes independentes, distantes de qualquer tipo de
influência. “O judiciário que aspiramos a ter é um judiciário sem firulas, sem
floreios, sem rapapés. O que buscamos é um judiciário célere, efetivo e
justo. De nada valem as edificações suntuosas, o sofisticado sistema de
comunicação e informação, se naquilo que é essencial a Justiça falha.
Porque é prestada tardiamente e não rara porque presta um serviço que
não é imediatamente fruível por aquele que o buscou”. O presidente reconheceu as limitações do poder judiciário. “É preciso
ter honestidade intelectual para reconhecer que há um grande déficit de
Justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados como iguais
quando buscam o serviço da Justiça”.
Fonte: Globo.com
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