terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ex-mordomo do papa se declara inocente e denuncia maus tratos na detenção
 Paolo Gabriele

O ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, se declarou nesta terça-feira "inocente" da acusação de roubo de documentos reservados do pontífice durante a segunda audiência de seu julgamento, na qual denunciou que ficou recluso 20 dias em uma cela que não cumpria os requisitos mínimos. Por outro lado, Gabriele, conhecido como "Paoletto", se considerou "culpado por ter traído" Bento XVI, que o amava "como a um filho". O presidente do Tribunal do Vaticano, Giuseppe della Torre, pediu ao promotor, Nicola Piccardi, que abra uma investigação, depois que "Paoletto", após uma pergunta de sua advogada, Cristiana Arrú, afirmou que foi colocado em uma cela com parcas condições, até o ponto de não poder esticar os braços. Também declarou que sofreu pressões psicológicas, já que - segundo o próprio - durante a primeira noite lhe impediram de usar o travesseiro e que durante 20 dias a luz permaneceu acesa 24 horas do dia. Após conhecer a denúncia, a força policial do Vaticano assegurou em comunicado que essa cela cumpre as medidas "padrão", estabelecidas em outros países para situações análogas. Segundo o Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano, durante os 53 dias que esteve detido, Gabriele comeu sempre na companhia dos agentes que lhe custodiavam, com os quais socializava. Também recebeu permissão de ir à academia, embora tenha recusado, foi submetido a periódicas visitas médicas e assistia a missa com sua família, com a qual pôde falar sem limites de horários. Segundo a Gendarmaria, o ex-mordomo pediu que a luz permanecesse acesa, já que "dava companhia", mas ainda assim recebeu uma máscara para tapar os olhos, além de lençois e travesseiros. Gabriele esteve nessa cela - no Vaticano não há prisão - porque estavam reformando outra maior, à qual foi transferido uma vez terminadas as obras.. A audiência de hoje durou três horas e na mesma foi interrogado o secretário de Bento XVI, Georg Gänswein, que disse que nunca suspeitou do mordomo até ver publicado no livro do italiano Gianlugi Nuazzi, "Sua Santità", documentos que nunca tinham saído de seu escritório. Foram interrogados também Cristina Cernetti, uma das laicas que fazem parte da chamada "Família Pontifícia", que cuida do apartamento papal, e os policiais Gianluca Gauzzi Brocoletti, Giuseppe Pesce e Costanzo Alessandrini, que participaram da batida no domicílio de Gabriele e de sua posterior detenção. No domicílio foram encontrados milhares de documentos, muitos deles originais, procedentes do escritório do secretário do papa, assim como o cheque no valor de 100 mil euros doado ao papa pela Universidade Católica de Múrcia (Espanha), uma suposta semente de ouro e um exemplar da Eneida de 1512, que Gabriele insistiu que não sabia como tinham sido colocadas em sua casa. Gabriele alegou que recolhia documentos do escritório do secretário do papa e tirava cópias, mas que sua intenção em princípio não era a de vazá-los para que fossem publicados em um livro, como no final ocorreu. "Não era tão iludido como para não saber que pagaria as consequências, mas não me considero o único que passou documentos (sobre o Vaticano) à imprensa", respondeu ao promotor. O ex-mordomo insistiu que não recebeu dinheiro algum para passar os documentos e insistiu que não teve cúmplices. "É difícil encontrar uma razão para um fato irracional como esse", comentou, justificando sua ação porque o papa precisava saber o que ocorria no Vaticano. O julgamento de Gabriele continuará no dia 3 outubro, com o interrogatório de quatro agentes da força policial do Vaticano. 

Fonte: Portal Terra

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