Físico brasileiro ajudou a montar experimento de ganhador de Nobel
Paulo Nussenzveig
Paulo NussenzveigOs ganhadores do Nobel de Física deste ano, Serge Haroche e David J. Wineland, anunciados nesta terça-feira (9), cooperaram com diferentes pesquisadores brasileiros durante suas longas carreiras na área quântica (referente ao mundo microscópico). Paulo Nussenzveig, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, é um deles. Entre 1990 e 1994, ele trabalhou em Paris no grupo de pesquisa de Serge Haroche, ajudando a montar o equipamento com espelhos ultrarreflexivos que viria a ser usado nos experimentos que nesta terça renderam o Nobel ao francês. “Meu trabalho de doutorado consistiu basicamente em ajudar na montagem experimental do equipamento que foi usado nessa experiência que agora foi reconhecida“, explica, ressaltando que a descoberta premiada é resultado de décadas de pesquisas de Haroche e vários outros cientistas, e que os trabalhos premiados com o Nobel, especificamente, foram feitos depois do período em que o brasileiro esteve em Paris. “Fui uma das muitas pessoas que contribuíram no desenvolvimento do grupo dele”, explica. Nussenzweig também conhece Wineland, que, segundo ele, já veio várias vezes ao Brasil. “Em 1989, ele participou de um curso em São Carlos (SP). Depois do curso, levei-o ao Rio de Janeiro, fomos ao Pão de Açúcar. A gente funciona como tudo, até guia turístico”, lembra. Nascido nos EUA, mas com nacionalidade e pai brasileiros, Nussenzweig atualmente é professor visitante em Cornell, uma universidade americana. Ele considera justo o prêmio dado a Haroche e Wineland, por terem demonstrado de forma pioneira o efeito do ambiente sobre sistemas quânticos. “A teoria quântica já tem mais de cem anos. Mas ela é uma teoria que contraria fortemente o senso comum. Uma das grandes dificuldades é conciliar o mundo microscópico com o macroscópico”, comenta. Experiências como as dos ganhadores do Nobel desta terça-feira ajudam a esclarecer a zona nebulosa entre a física das coisas macroscópicas e a do universo microscópico. Suas pesquisas também possibilitam que a ciência caminhe no sentido de criar, no futuro, computadores quânticos, que em teoria seriam muito mais rápidos que os que usamos atualmente. “Tanto Haroche como Wineland estão entre os primeiros a demonstrar rudimentos de processamento quântico”, aponta o professor brasileiro. Nussenzweig conta que o equipamento usado por Haroche atualmente ainda é parcialmente o mesmo que ajudou a montar na década de 90. “Conceitualmente, ele é simples, mas na prática é extremamente complicado”, observa. Nos experimentos, o comportamento de fótons é estudado deixando-os rebater entre dois espelhos com altíssimo poder de reflexão. “Construir os espelhos demandou muito estudo e aprendizado”, explica o professor da USP. Para esse tipo de observação, é necessário um ambiente muito isolado, a baixíssimas temperaturas – próximas do zero absoluto. Há alguns anos, esse equipamento de resfriamento implodiu. “Ficaram um bom tempo parados”, disse.
Fonte: G1
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