Dalai Lama
Dalai Lama quer deixar a política assim que possível
Dalai Lama formalizou o seu desejo de deixar por completo a política. Numa carta lida no parlamento tibetano no exílio, o líder espiritual pediu que o processo “não demore mais” e que termine durante a sessão legislativa, que durará dez dias. “Chegou a hora de delegar a minha autoridade formal num líder eleito”, dizia o comunicado do prémio Nobel da Paz. O líder espiritual diz compreender que pode ser difícil aos tibetanos aceitarem um sistema político que não tenha Dalai Lama como líder, mas acredita que o entenderão. A carta foi lida perante por Penpa Tsering, porta-voz do parlamento no exílio em Dharamsala, nos Himalaias, Índia. Pela primeira vez em cerca de 20 anos não houve muitos aplausos ao ler-se um comunicado de Dalai Lama, comentou Dolma La, membro do parlamento. Entre os presentes reinavam caras de preocupação e algumas lágrimas. Nos próximos dias os parlamentares terão que decidir sobre a intenção do líder espiritual, em conformidade com os desejos do povo. As opções serão três: deixar Dalai Lama retirar-se, pedir-lhe para que fique ou uma situação no meio-termo, como manter-se no cargo, mas sem as responsabilidades. Caso aceitem o pedido de Dalai Lama, este terminará as suas funções políticas, mas manter-se-á como líder espiritual. Segundo especialistas, este pode ser um momento histórico, já que a intenção do líder espiritual visa a separação de toda a instituição dos Dalai Lama no Tibete relativamente ao sistema político no exílio. Ou seja, que este deixe de ser um regime teocrático (a autoridade é exercida pelo líder espiritual), tornando-se democrático. Esta mudança é “unicamente para benefício dos tibetanos a longo prazo”, lia-se no comunicado. A intenção é estabelecer um sistema de governo “que não dependa de um só homem”, pois os tibetanos poderão continuar em exílio ainda por várias décadas. No próximo domingo, a comunidade tibetana em exílio irá eleger um novo primeiro-ministro, que se tornará o líder político máximo caso se cumpra o desejo de Dalai Lama. Os cerca de 75 mil votantes irão escolher entre três candidatos: Lobsang Sangey, advogado e investigador na Universidade de Harvard; Tenzing Namgyal, especialista em estudos tibetanos pela Universidade de Stanford; e Tashi Wangdi, oficial do governo actual. O esperado é que vença Lobsang Sangey, de 42 anos, com muita exposição internacional e o mais jovem dos três.
Fonte: Público.pt
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