terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Gbagbo aceita negociar uma saída pacífica para a crise na Costa do Marfim

 O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, aceitou negociar "incondicionalmente" uma resolução pacífica da crise política e constitucional em que o país se encontra, afirma um comunicado da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao). "Gbagbo também se comprometeu a levantar imediatamente o bloqueio que suas tropas mantêm ao redor do Hotel Golfe de Abidjan, onde o presidente eleito, Alassane Ouattara, instalou sua sede governamental temporária", disse aos jornalistas em Abuja o presidente da Comissão da Cedeao, Victor Gbeho. Segundo Gbeho, Ouattara "indicou sua vontade em assegurar a Gbagbo uma saída digna, contanto que este aceite o resultado do segundo turno das eleições (realizadas em 28 de novembro), como foi declarado pela Comissão Eleitoral Independente (CEI) e certificado pela Missão da ONU" na Costa do Marfim (ONUCI). A Cedeao, que também reconhece Ouattara como o legítimo presidente eleito, enviou na segunda-feira a Abidjan os presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires; Benin, Yayi Boni e Serra Leoa, Ernest Koroma, para convencer Gbagbo a entregar o poder pacificamente. À delegação de presidentes da região ocidental africana se uniram o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, como enviado especial da União Africana, e Gbeho. "Esta Missão parabeniza a UA e a Cedeao por manterem firme sua posição (de reconhecimento da eleição de Ouattara) e sua atuação conjunta na busca de uma solução duradoura da crise, e incentiva as duas instituições a enviarem o mais rápido possível à Costa do Marfim outra delegação para continuar as discussões com as duas partes", acrescentou o dirigente regional. Gbeho admitiu, no entanto, que subsiste uma "estagnação" em um aspecto das negociações: que Gbagbo deve primeiro renunciar, tal como pede a Cedeao. Sobre as ameaças anteriores do bloco econômico de utilizar a força militar para tirar Gbagbo do poder, Gbeho disse que "a comissão está estudando outras opções disponíveis. Não se chegou a um acordo ainda". Em entrevista coletiva anterior em Abuja, o presidente nigeriano e atual titular de turno da Cedeao, Goodluck Jonathan, reiterou que o bloco de 15 países africanos poderia utilizar a força para retirar Gbagbo se este não aceitar entregar o poder. Por sua parte, Raila Odinga, disse que uma "solução queniana" (de que Gbagbo e Ouattara compartilhassem o poder) não estava na mesa de discussões como parte dos esforços para resolver a crise da Costa do Marfim. "Disse a Gbagbo que a chamada solução queniana não entra em jogo aqui e expliquei que não queremos que este experimento (queniano) se perpetue. Essa não é a maneira de afiançar a democracia na África. Em uma eleição deve haver ganhadores e perdedores", disse Odinga. A recusa de Gbagbo, empossado presidente pelo Conselho Constitucional do país, que para isso anulou quase um milhão de votos que favoreciam Ouattara, colocou a Costa do Marfim à beira de outra guerra civil. 

Fonte: Terra Brasil

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