quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Banco Central recomenda cautela com dívidas em dólar


A baixa cotação do dólar nos últimos dias pode esconder armadilhas perigosas para o bolso do consumidor e das empresas. Foi esse o recado que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, quis passar em sua primeira entrevista, nesta quinta-feira (6).  - Temos um sistema de câmbio flutuante que funciona bem para o país. Ele flutua para os dois lados. Para o cidadão e para as empresas, eles têm de ter cautela quando assumem compromissos em moeda estrangeira. Uma tendência de curto prazo não quer dizer que vá se prolongar por muito tempo. Temos de ter cuidado. Da mesma forma como o ambiente hoje é amplamente favorável em termos de liquidez, ele não ficará assim por muito tempo. Em tom ríspido, Tombini afirmou que as medidas anunciadas na manhã desta quinta-feira pelo BC na tentativa de conter a desvalorização do dólar em relação ao real foram tomadas na hora que a instituição achou mais conveniente para fazê-lo. - O Banco Central toma as medidas quando decide tomá-las. E esse foi o momento adequado em que se definiu tomá-las. De acordo com o presidente do BC, não há qualquer problema registrado em relação a instituições financeiras no que diz respeito ao câmbio. O problema, ainda segundo Tombini, seria a soma das operações feitas pelos bancos brasileiros que não estariam de acordo com o tamanho do mercado. - Temos um mercado de câmbio à vista que tem um giro diário em torno de US$ 2 bilhões, mas quando as exposições foram agregadas, eram de US$ 16 bilhões, quase US$ 17 bilhões. O BC entendeu que essa posição vendida estava superdimensionada em relação ao tamanho do mercado. Por caráter prudencial, estamos impondo esse compulsório, acreditando que as instituições vão se redimensionar. 

O conceito de posição de câmbio funciona da seguinte maneira: digamos que um banco começa a operar hoje e não tem dólar na carteira. Um exportador vende US$ 100 para o banco e este fica, portanto, na chamada “posição comprada”. Depois chega um importador para comprar US$ 200. O banco então vende os US$ 100 que tinha em carteira e empresta outros US$ 100 (tomados em outro banco); ele fica, assim, na chamada “posição vendida” – ou seja, fica com uma dívida de US$ 100 pelo empréstimo. Isso quer dizer que os bancos que estão na “posição vendida”, terão, no futuro, que entregar o dólar que foi vendido ou a variação cambial. Ou seja, estes bancos estão apostando que o dólar vai se desvalorizar, porque, se isso acontecer, na hora da pagar pelo dólar eles pagarão um valor menor em real do que o que foi entregue ao cliente. Seguindo a mesma lógica estar “comprado” sinaliza a expectativa de valorização do dólar

 Fonte: R7

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