Dilma Rousseff
Desafios de Dilma serão investir em infraestrutura e cortar gastos públicos
A petista Dilma Rousseff, eleita presidente neste domingo (31), herdará do atual governo um Brasil que vive um momento de estabilidade, desfrutou de um recente ciclo de crescimento econômico, gerou milhões de postos de trabalho e teve reduzidos os seus índices de pobreza.Isto não quer dizer, porém, que a próxima presidente da República terá pela frente quatro anos fáceis de governo. Para especialistas ouvidos pelo R7, quando subir a rampa do Palácio do Planalto, no dia 1º de janeiro de 2011, Dilma receberá de Lula, além da faixa presidencial, uma série de questões pendentes.Com o crescimento econômico acumulado nos últimos anos, o Brasil precisará adequar sua infraestrutura para que seja possível manter o ritmo do avanço.O cientista político Humberto Dantas, do Movimento Voto Consciente, chama a atenção para a existência de um “gargalo estrutural no país” e diz que é necessário olhar especialmente para o setor de transportes e para a geração de energia.- A gente precisa melhorar a estrutura portuária, aeroportuária, as estradas, melhorar o escoamento da produção por meio de ferrovias, hidrovias. Precisamos pensar na questão energética urgentemente. Tem que diversificar a matriz energética, pensar em outras formas de gerar energia. O professor Marco Antônio Teixeira, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), lembra que a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 também vai exigir investimentos na área.- Há dois grandes projetos pela frente, que vão expor muito o país. Existe um conjunto de desafios, que vão desde a construção de estádios até aeroportos, para poder preparar o país.Um problema apontado pelos especialistas é justamente o aumento excessivo dos gastos públicos, que poderia causar um desequilíbrio nas contas do país caso o governo federal não consiga elevar a arrecadação de forma proporcional.Na opinião de Dantas, a sucessora de Lula deverá conduzir um projeto de enxugamento da máquina pública para garantir que as despesas não cresçam além do limite.- Precisa enxugar a máquina pública, os gastos estão exagerados. Para Maria do Socorro Sousa Braga, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), uma opção para o próximo governo, caso não queira ampliar de maneira excessiva os gastos públicos para erguer a estrutura necessária à realização da Copa e das Olimpíadas, seria buscar parceiros de financiamento, inclusive no exterior.- Pode haver articulações com parceria privada para tentar diminuir o gasto público. É possível que procurem parceria inclusive fora do país.Durante a campanha, o principal programa de transferência de renda do país foi tema de discussão. De ambos os lados, os candidatos afirmaram e reafirmaram que, se eleitos, não iriam apenas manter, mas também ampliar o Bolsa Família, que hoje atende mais de 12 de milhões de famílias.No entanto, os analistas chamam a atenção para a necessidade de construir “a porta de saída” do programa. Ou seja, de complementar a assistência social, dando aos beneficiários a oportunidade de conquistarem sua independência.Para a professora Maria do Socorro, nenhum dos dois candidatos que disputaram o segundo turno da eleição apresentou propostas claras neste sentido.- É um grande desafio pensar nessa saída, para que as famílias contempladas tenham como sobreviver com suas próprias capacidades. Uma das formas é a capacitação, sobretudo das pessoas principais da família, o pai e a mãe. A saída é capacitar para que as pessoas entrem no mercado de trabalho e tenham independência financeira.O cientista político Teixeira, da FGV, lembra ainda a importância de incentivar os pequenos negócios.- Você precisa ter estímulos à formação de pequenos negócios, da pequena agricultura, tudo aquilo que possa inserir as pessoas que tenham alguma dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, para que possam ter sua própria atividade.Investir no desenvolvimento local é uma bandeira também defendida por Humberto Dantas, do Movimento Voto Consciente, para quem tanto Dilma quanto o tucano José Serra trataram o Bolsa Família de forma somente eleitoreira durante a campanha.Ele defende a adoção de iniciativas de longo prazo para ir além de ações de caráter apenas assistencialista. Segundo ele, isso exigirá “coragem e ousadia” da nova presidente.- O Bolsa Família traz o imediato, e a gente precisa pensar em políticas públicas de longo prazo na área social, sobretudo em educação e saúde. O presidente Lula deixará como legado à sucessora a tarefa de realizar uma série de reformas que ele próprio não conseguiu fazer, entre elas as reformas política, tributária e da Previdência.Dantas ressalta a necessidade de “alterar a lógica da tributação” no país, e cita como uma das prioridades a desoneração do setor competitivo. Outro ponto importante levantado por ele é a descentralização da arrecadação de impostos.- Precisamos dar mais autonomia aos municípios. O país não pode ficar tão à mercê da arrecadação tributária do governo federal. A reforma tributária é absolutamente essencial, eu diria que é a mais importante de todas as reformas.Quanto a uma eventual reforma previdenciária, Teixeira adverte que é uma discussão difícil.- É um tema desgastante.Não tenha dúvida de que vai gerar algum grau de tensão. Você tem várias frentes que defendem desde uma reforma mais radical, como acabar com a Previdência pública, como foi o caminho seguido pelo Chile, até quem defenda o aumento de gastos da Previdência. Isso vai ter um custo político. Ainda no início de seu primeiro mandato, o presidente Lula enfrentou resistências dentro do próprio PT ao levar adiante um projeto de reforma da Previdência.O episódio causou a expulsão do partido de alguns conhecidos militantes, entre eles a então senadora Heloísa Helena, que fundou o PSOL.Sobre a reforma política, Dantas diz ser cético. Para ele, o essencial é investir em um processo de educação política junto ao eleitorado.- Reforma política é balela. Não é mudando regra que você vai mudar as pessoas. Teixeira afirma, por sua vez, que este é um debate muito mais relacionado ao Poder Legislativo. - Eu colocaria a reforma política muito mais como uma agenda do Legislativo que do Executivo.
Fonte: R7
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