Fernando Henrique Cardoso
Dilma 'não poderá governar no piloto automático como Lula'
Segundo FHC, as condições internacionais não são mais tão favoráveis ao Brasil como no “período de bonança do governo Lula” e obrigará a futura presidenta a agir com “firmeza” para enfrentar, principalmente, a forte entrada de dólares no País que valorizam o real. “Os ventos continuam ainda relativamente favoráveis a nós, o preço das matérias-primas ainda é favorável, mas o resto não é mais favorável. Mesmo as matérias-primas têm um efeito contraditório, que é a enxurrada de dólares que força a valorização do real. Ela (Dilma) vai ter que tomar medidas e não vai poder governar simplesmente pelo piloto automático, como foi possível na época da bonança do governo Lula”, afirmou. Para FHC, as medidas que Dilma Rousseff terá que adotar no futuro governo serão muito “impopulares e duras, que vão afetar muitos interesses”. Na análise do ex-presidente, Dilma não tem o carisma do presidente Lula e o “controle do partido” como o seu sucessor e, por isso, poderá ter dificuldades ao enfrentar pressões políticas no início do governo. “Ela vai ter que ser bastante cuidadosa. Ela tem uma carreira apenas administrativa, com experiência de gestão, não sei se é suficiente. Mas acho que as pessoas aprendem. E vamos ver como é que ela vai enfrentar esses problemas todos. Por enquanto, temos que olhar e não começar a prejulgar um governo que ainda nem começou”, avaliou o ex-presidente da República. Fernando Henrique Cardoso participou na manhã desta sexta-feira do seminário sobre liberdade de Imprensa organizado pela TV Cultura de Sâo Paulo, no bairro da Lapa, Zona Oeste da capital paulista. Durante o evento, o ex-presidente defendeu a regulamentação da mídia, mas defendeu cautela na discussão do assunto pelo governo federal. De acordo com ele, a “afobação do governo” em criar um projeto para o setor deu a impressão de que o governo Lula está querendo controlar a imprensa crítica pela administração federal. “O ponto de partida deu origem a essa confusão. Não podia ter vindo da Secretaria de Comunicação, que fica ao lado do gabinete do presidente. É um assunto que não pode ser colocado goela abaixo do Congresso e do País. Mexe com muitos interesses, das empresas e da população. Se for feito de qualquer maneira não é democrático”, destacou. O ex-presidente afirmou que o assunto deve ser discutido pelo Ministério das Comunicações, que é o órgão mais indicado para discutir qualquer legislação sobre concessões públicas. FHC também defendeu a criação de uma agência reguladora do setor, que seja politicamente isenta e não seja “loteada para partidos políticos”. “Parece razoável e de bom senso a criação de uma agência que regule as concessões públicas de radiodifusão. Mas estamos misturando a necessidade de regulação com o que não precisa de nenhuma regulação, como é o caso conteúdo. Isso é contrário ao espírito da democracia. Ao mesmo tempo que é impossível não haver regulação dos meios de difusão”, analisou FHC. Na opinião dele, controle de conteúdo publicado na internet é “total perda de tempo”. Muito à vontade entre alguns políticos e jornalistas amigos, FHC aproveitou para brincar com a fama de “twitteiro contumaz” do ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência, José Serra. Questionado sobre por que ainda ainda não entrou na blogosfera ou no Twitter, FHC contou que durante a apresentação do ex-beattle Paul McCartney em São Paulo, Serra sugeriu a entrada dele no serviço, gabando-se das centenas de seguidores que tinha. “Eu disse a ele que o que eu menos quero nessa idade é ter seguidores. Me deixem no século passado que estou bem feliz assim”, contou.
Fonte: Último Segundo
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