segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mahmoud Abbas

Retomada de obras em colônias judaicas põe negociações em risco.


O presidente palestino, Mahmoud Abbas, protelou na segunda-feira a decisão de abandonar as conversações de paz com Israel, dando mais tempo para a diplomacia salvar as negociações do fracasso por causa das obras nos assentamentos de Israel.  Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram que estão decepcionados com o fato de Israel ter se recusado a estender a paralisação das obras de assentamento determinada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu há 10 meses para promover o diálogo direto.  "Nós reconhecemos que, dada a decisão (israelense) de ontem, ainda temos um dilema a resolver e no momento não há negociação direta programada", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, P.J. Crowley.  O enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, deve chegar a Jerusalém na terça-feira em uma missão para resgatar o processo retomado há um mês pelo presidente Barack Obama, afirmaram autoridades israelenses.  O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou, depois de conversar com Abbas em Paris, que o líder palestino e Netanyahu aceitaram o seu convite para conversar sobre a paz antes do fim de outubro. O presidente egípcio, Hosni Mubarak, também foi convidado a participar da reunião.  As escavadeiras começaram a trabalhar em ao menos três assentamentos da Cisjordânia ocupada, mas, como é feriado judaico, havia poucos sinais de retomada ampla das obras após o fim da moratória de 10 meses, à meia-noite.  "Por enquanto, é tudo simbólico", afirmou o ministro da Habitação israelense, Ariel Atias, ao site de notícias YNet, questionando se o ministro da Defesa, Ehud Barak, cujo ministério supervisiona as atividades israelenses na Cisjordânia, concordaria em emitir autorizações para novas construções.  Uma janela de ao menos uma semana está aberta para os esforços da diplomacia norte-americana a fim de evitar o que seria um grande constrangimento ao presidente Barack Obama: o colapso do processo de paz lançado pela Casa Branca quase quatro semanas atrás.  Abbas, que havia ameaçado abandonar as negociações caso as obras de assentamento fossem reiniciadas, afirmou que manteria sua decisão até uma reunião da Liga Árabe em 4 de outubro e até consultar o conselho da Organização para a Libertação da Palestina.  "Não teremos reações bruscas agora, não vamos dizer 'sim ou não - queremos ou não queremos'", disse Abbas numa entrevista coletiva ao lado de Sarkozy.  "Israel tem uma moratória de 10 meses e ela deve ser ampliada em três ou quatro meses para dar uma chance à paz", afirmou Abbas.  O líder francês, por sua vez, afirmou que os "assentamentos precisam parar".  Os palestinos temem que os assentamentos - construídos em território capturado por Israel da Jordânia numa guerra em 1967 - inviabilizem a formação do Estado viável que esperam criar na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, enclave governado pelo grupo Hamas, que se opõe aos esforços de paz de Abbas.  "Estou certo de que ainda chegaremos (a um acordo de paz) e mais cedo ou mais tarde o Estado palestino será alcançado", disse Abbas em Paris. "A maioria dos israelenses quer a paz e sabe que, sem ela, os israelenses não podem viver."  Netanyahu pediu moderação aos colonos e não descarta a possibilidade de limitar a expansão das moradias nos assentamentos. Mas os colonos prometeram começar a erguer cerca de 2 mil casas na semana que vem, após a festividade religiosa do Sukkoth.  Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a posição de Washington sobre os assentamentos não mudou, e que o governo continua em "estreito contato com ambas as partes e irá se reunir novamente com os dois lados nos próximos dias". A meta norte-americana é concluir as bases do acordo dentro de um ano.  Quase 500 mil judeus vivem em mais de 100 assentamentos nos territórios ocupados por Israel desde 1967.

Fonte: O Globo e Agência Reuters - (Reportagem adicional de Mohammed Assadi, Ali Sawafta e Tom Perry em Ramallah, de Joseph Nasr em Jerusalém e de John Irish em Paris; editado por Michael Roddy).

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