quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Flávio Serrano

BC reduz projeções para inflação, mas destaca riscos


O Banco Central reduziu suas estimativas para a inflação neste ano e no próximo, argumentando que o crescimento está mais em linha com o potencial da economia brasileira, apesar de mencionar alguns riscos derivados do mercado de trabalho e dos preços de commodities.  No Relatório de Inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira, a projeção para a inflação deste ano foi cortada de 5,4 por cento para 5 por cento, enquanto a estimativa de crescimento econômico continuou em 7,3 por cento. Para 2011, a estimativa é de que a inflação pelo IPCA caia para 4,6 por cento, ante projeção anterior de 5 por cento.  Contribuíram para essa melhora os aumentos da taxa básica de juros promovidos no ano, a retirada de alguns estímulos fiscais que haviam sido concedidos pelo governo em meio à crise e a piora das perspectivas para a economia mundial.  "Nossa visão é que a economia global vai crescer a taxas relativamente modestas nos próximos anos, contribuindo para que a inflação dos bens comercializáveis no Brasil se mantenha em níveis bastante modestos também", afirmou o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.  Para Flávio Serrano, economista sênior do Banco Espírito Santo, o relatório mostrou "que a chance de o BC subir juro no curto prazo é pequena". "Esperamos um ajuste só no ano que vem."  No relatório, o BC ponderou que, no momento de demanda aquecida e baixo desemprego vivido pelo país, o risco é que os salários cresçam acima do aumento da produtividade. "A teoria, no que é respaldada pela experiência internacional, determina que moderação salarial constitui elemento chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços."  A elevação recente dos preços das commodities também pode pressionar os alimentos no curto prazo, avaliou o BC.  O diretor acrescentou que, para o próximo ano, além do aperto monetário já feito, contribuirá para conter a inflação uma "recuperação das contas fiscais".  O BC trabalha em suas projeções com a perspectiva de que no próximo ano o setor público cumpra a meta de superávit primário equivalente a 3,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) sem usar a prerrogativa de abater investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para este ano, ao contrário, a estimativa do BC é que esses descontos sejam feitos e que o primário efetivamente feito fique em 2,4 por cento do PIB.  A projeção contraria declarações reiteradas feitas pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, de que o que o governo cumprirá a meta "cheia" em 2010.  Carlos Hamilton afirmou ainda que sondagem do BC junto a 55 instituições do mercado mostrou que os analistas consideram que o juro real de equilíbrio da economia brasileira seria de 6,75 por cento, segundo mediana das projeções. Para 63,3 por cento dos analistas, essa taxa seria inferior a 7 por cento.  No relatório, o BC não especifica sua própria estimativa de juro neutro, mas reiterou avaliação de que ele estaria em queda.  A taxa de juros real de equilíbrio é definida como a taxa consistente com o Produto no seu nível potencial e taxa de inflação estável. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC já havia sugerido que mudanças nos fundamentos da economia teriam aberto espaço para uma redução dessa taxa. "A dinâmica das taxas de mercado sugere que a taxa de juros real de equilíbrio vem recuando ao longo do tempo", reiterou o BC no relatório desta quinta-feira.

Fonte: O Globo - Por Isabel Versiani e Agência Reuters

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