Vaticano e comissão da ONU criticam França por expulsão de ciganos
Uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) exortou nesta sexta-feira a França a suspender a expulsão de ciganos , e condenou os discursos políticos de "natureza discriminatória" no país e a escalada de atos violentos de "caráter racista". De forma parecida, o Vaticano também mostrou preocupação com o caso e propôs uma regulamentação específica para a minoria. A Comissão pela Eliminação da Discriminação Racial da ONU, formada por 18 especialistas, expressou preocupação de que as centenas de ciganos que supostamente aderiram recentemente ao programa de repatriação voluntária para a Romênia não tenham sido devidamente informados sobre seus direitos, nem tenham consentido livremente a voltar ao país de origem. O grupo também advertiu Paris pelo caráter coletivo das expulsões, que visariam um grupo étnico como um todo. - O problema é a abordagem coletiva, baseada na questão étnica - destacou Patrick Thornberry, integrante da comissão. As críticas foram rapidamente rebatidas pelo embaixador francês para os Direitos Humanos, François Zimeray, que afirmou que o governo de Nicolas Sarkozy "respeita escrupulosamente as leis da União Europeia e trata os ciganos caso a caso". - Nosso objetivo não é adicionar mais drama ao que já é dramático, nem mais sofrimento ao que já existe, mas sim colocar fim a uma situação que não é mais tolerável - disse Zimeray. A França vem expulsando por ano cerca de dez mil ciganos de seu território. A situação, no entanto, passou a atrair maior atenção de grupos de direitos humanos e da mídia quando Nicolas Sarkozy endureceu, no mês passado, a ofensiva contra os que vivem ilegalmente na França, associando-os à prostituição e à exploração de menores. Na ocasião, o presidente francês prometeu desmantelar acampamentos ilegais da minoria - cem deles já foram fechados- e expulsar 700 ciganos até o fim deste mês. A oposição critica a investida e acusa o presidente de disseminar racismo para aumentar sua popularidade, que está em baixa. Uma pesquisa publicada nesta sexta pelo "Figaro" aponta que dois a cada três franceses apoiam a expulsão. Fazendo coro à comissão da ONU, o Vaticano também expressou preocupação em relação à condição dos ciganos na Europa, e propôs a adoção de regras particulares para a minoria. - Os ciganos constituem a minoria mais importante da Europa, com mais de 12 milhões de pessoas. Deveríamos criar uma regulamentação especial que leve em conta suas tradições e sua cultura - disse Agostino Marchetto, secretário do Pontifício Conselho para Migrantes.
Fonte: O Globo
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