Presidente Lula
Lula diz que Brasil 'avançou' na educação ao avaliar dados do Ideb
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou no programa semanal “Café com o Presidente” desta segunda-feira (5) que o país “avançou” na educação ao avaliar os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “O Brasil cresceu todas as etapas do ensino entre 2007 e 2009. Nos anos iniciais, o Ideb subiu para 4,6 em 2009. A nossa proposta para o período era 4,2, portanto, nós ultrapassamos em muito a meta que nós tínhamos colocado”, disse. Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) nesta segunda mostram que, apesar da melhoria do país nos resultados, 24% dos municípios ficaram abaixo da meta estipulada para 2009. As notas se referem aos anos finais do ensino fundamental, que equivale à 5ª à 8ª série (6º ao 9º ano). Nos anos iniciais, da 1ª à 4ª (1º ao 5º ano) série, foram 15% das cidades. No total, 5.404 municípios tiveram nota computada no Ideb na 4ª série. Nos anos finais, foram 5.450 municípios, segundos os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Parte dos municípios analisados pelo instituto ficou sem nota por não ter atingido quantidade suficiente de amostras para o cálculo. O Ideb leva em conta dois fatores que interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho na Prova Brasil. Entre os municípios com as piores notas no Ideb 2009 na 4ª série estão cinco cidades da Bahia, duas do Piauí, duas da Paraíba e uma do Pará. A pior nota foi de Apuarema, na Bahia, com 0,5. A meta da cidade era 2,6. Em 2005, o município teve 2,1 e em 2007 teve 2,7. O Ideb é calculado a cada dois anos. Na 8ª série, as piores notas foram registradas emcinco cidades da Bahia, três do Rio Grande do Norte, duas de Alagoas, uma da Paraíba, uma do Maranhão e uma de Sergipe. A nota mais baixa foi de Jardim de Angicos, no Rio Grande do Norte, que teve 1,6. A meta do governo federal para a cidade em 2021 é 4,6, enquanto a do Brasil é 5,5. Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro concentram os 20 municípios com as melhores notas no ensino fundamental. A melhor nota da 4ª série é de Dois Lajeados, no Rio Grande do Sul, com 7,3, e na 8ª série é de Jeriquara, em São Paulo, com 6,6.
Fonte: G1, em São Paulo
Eleições Presidenciais
Serra e Dilma iniciam campanha zero a zero, avaliam especialistas
A disputa à Presidência, cuja campanha começa oficialmente amanhã, será polarizada entre Dilma Rousseff (PT-RS) e José Serra (PSDB-SP), e a largada será marcada por um rigoroso equilíbrio. A leitura é de cientistas políticos consultados pelo DCI. Para o professor Carlos Manhanelli, da Manhanelli Associados, a recente pesquisa do instituto Datafolha, que aponta o empate técnico dos ponteiros Serra (39%) e Dilma (38%) tende a se manter. "Desde o anúncio das pesquisas Ibope e Vox Populi [que deram vantagem a Dilma] eu dizia que os jornais estavam fazendo uma leitura jornalística. Pesquisa é diagnóstico, não prognóstico. A disputa Serra/Dilma está equilibrada e é o empate vai prevalecer até que um deles produza um novo movimento", avalia. Para Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP), a petista tem mais chances de provocar essa mudança. "Desde as primeiras pesquisas, Serra tem uma variação na casa dos 35%. Acredito que esse é o teto dele. A eleição vai ser polarizada, mas a Dilma é a candidata que tem mais margem de crescimento." Fornazieri se justifica dizendo que a ex-chefe da Casa Civil pode ser beneficiada por fatores como a estabilidade econômica e também a transferência de votos oriunda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Manhanelli, o tucano está numa situação mais difícil por conta de erros de estratégia na escolha de seu vice. "Houve várias negativas até que o Álvaro Dias aceitasse. Aí veio o DEM e exigiu Índio da Costa", lembra. "E o erro estratégico se consolida quando Serra escolhe alguém do Rio de Janeiro, enquanto deveria ter optado por agregar alguma liderança do nordeste, onde ele precisa fazer votos", comenta. O especialista diz que, desde a redemocratização, os partidos têm buscado uma identificação com o eleitor nordestino. "É a primeira eleição sem que os partidos apresentem uma liderança do nordeste. Desde a época do Tancredo se tinha uma presença nordestina [José Sarney]. Em 89, Collor, de Alagoas. Fernando Henrique teve o pernambucano Marco Maciel e depois tivemos a era Lula. Dilma se descuidou e não agregou o nordeste. E Serra perdeu a oportunidade de fazê-lo", afirma.
Fornazieri diverge. "A escolha do vice não tem peso junto ao eleitorado. O que vai decidir a eleição são as propostas e a conjuntura eleitoral do momento. E esse processo só vai começar depois da Copa do Mundo." A disputa à Presidência, cuja campanha começa oficialmente amanhã, será polarizada entre Dilma Rousseff e José Serra, e a largada será marcada por rigoroso equilíbrio, segundo cientistas políticos.
Fonte: DCI - Matéria de Anderson Passos
Ahmet Davutoglu
Turquia ameaça romper relações com Israel
A Turquia romperá relações com Israel caso o Israel se recuse a desculpar-se sobre o ataque à flotilha humanitária que rumava para Gaza, no dia 31 de maio, em que morreram nove ativistas turcos. A declaração foi feita pelo chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, conforme divulgou a imprensa local. Davutoglu, citado pelo jornal Hurriyet, aconselhou Israel a se retratar ou a aceitar as conclusões de uma comissão de investigação internacional sobre o fato. Caso o governo israelense rechace as duas alternativas, "romperemos relações", advertiu. Um alto responsável do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, entretanto, disse que "Israel jamais se desculpará". Apesar de exigir a criação de uma comissão internacional independente para fazer as investigações, Davutoglu deixou a porta aberta para aceitar as conclusões vindas de uma comissão criada por Israel para investigar o caso. "Se esta comissão concluir que a abordagem foi injusta e o país se desculpar, isto também já nos será suficiente", disse, acrescentando que a Turquia insiste no pagamento de indenizações às famílias das vítimas. O ministro afirmou que o espaço aéreo turco continua fechado a todos os voos militares israelenses.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
Aldo Rebelo
Código florestal, LDO e pré-sal estão na pauta
Ambientalistas e ruralistas vão travar uma nova queda-de-braço, hoje e amanhã, na Câmara dos Deputados, acerca da votação do relatório do novo Código Florestal apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). São esperados 600 produtores rurais de várias partes do País para engrossar as manifestações em favor da aprovação do relatório. Eles serão trazidos pelas frentes parlamentares da Agropecuária (FPA) e do Cooperativismo (Frencoop). Ao mesmo tempo, organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas, a exemplo da WWF e do Greenpeace, vão organizar novos protestos contra os chamados "exterminadores do futuro", em referência aos parlamentares que apoiam o relatório. O texto começa a ser discutido hoje e deve ser votado amanhã. Os ruralistas apontam que são maioria na comissão. Por isso, os ambientalistas, com o apoio do Ministério Público, tentam transferir a votação para depois das eleições. Diante das pressões do PV e do PSOL, que prometem apresentar textos alternativos, o relator decidiu tornar mais clara em seu texto a hipótese de dispensa de reserva legal para pequenas propriedades com até quatro módulos rurais. Segundo Rebelo, a dispensa de reserva legal valerá apenas para a legalização de áreas já desmatadas, não para a derrubada de mata remanescente. "A vegetação remanescente não pode ser alterada." Ele acrescentou que a dispensa de recomposição também será válida para propriedades maiores, porém restrita a uma área de até quatro módulos. No resto da propriedade, permanece a obrigatoriedade de recomposição. O coordenador da campanha de Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, calculou que com a liberação de reserva legal das propriedades em até quatro módulos ficarão liberadas para desmatamento 85 milhões de hectares. Hoje, o desmatamento atinge 73 milhões de hectares. O relatório delega a estados e municípios a prerrogativa de fixar os limites de áreas de preservação permanente e de reservas legais. Os parlamentares têm de aprovar até o próximo dia 17 o relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2011: somente depois disso poderão entrar em recesso. A oposição discorda da autorização dada ao governo a fazer investimentos em 2011 mesmo sem a aprovação de lei orçamentária e a possibilidade de estatais não usarem mais as tabelas oficiais de preço de referência nas licitações. A votação dos projetos do pré-sal corre o risco de ser inviabilizada porque sete medidas provisórias trancam a pauta de votação. De acordo com a orientação da Mesa da Câmara, esses projetos só podem ser votados em sessões de pauta destrancada. Uma nova interpretação dessa regra será motivo de novas manobras por parte da oposição. Na quarta-feira, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática realiza audiência pública para debater com os ministros das Comunicações, José Artur Filardi, e da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação brasileiras que mantêm site noticioso. O objetivo é esclarecer se o limite de 30% de participação estrangeira nas empresas jornalísticas e de radiodifusão, conforme determina a Constituição, também é válido para portais de notícias. Findas as convenções, e eliminado o Brasil da Copa, parlamentares retomam votações. Estão na pauta o Código Florestal, Diretrizes Orçamentárias e projetos do pré-sal.
Fonte: DCI - Abnor Gondim / agências
Estudantes criam roupas para portadores de necessidades especiais
Lorena de Castro, de 23 anos, foi uma das modelos a desfilar as peças cortadas com uma inspiração toda especial: a celebração da igualdade
Lorena de Paula, de 18 anos, e Lorena de Castro, de 23, nunca cogitaram ser top models. O sonho de encantar nas passarelas, que costuma passar pela cabeça de 9 entre 10 meninas, para elas parecia algo inatingível. Muita gente não apostaria que, com respectivamente 1,12 metro e 1,13 metro, elas pudessem brilhar nas passarelas, templo dominado por mulheres com outros padrões e medidas. A altura, porém, não impediu que elas não só desfilassem, mas que fossem clicadas pelas lentes dos fotógrafos que acompanharam o desfile de conclusão de curso dos alunos de Moda do Centro Universitário UNA na tarde de domingo, no Centro de Belo Horizonte. “Foi a primeira vez que desfilei. Fiquei um pouco nervosa, mas adorei”, disse Lorena de Paula ao retornar aos bastidores do desfile. Maquiadas e com cabelos produzidos, elas e outras jovens da Associação Pequenos Guerreiros mostraram as peças criadas por Mariana Rocha Marques, de 22 anos, que está se formando em Moda. “Para elas, a modelagem tem que ser diferente, porque têm corpo de adulto, mas tamanho de criança. Por isso, muitas vezes, é complicado encontrar roupas com um bom caimento”, afirmou. A jovem estilista buscou inspiração na cultura de Itabaianinha, município sergipano conhecido como cidade dos anões. A coleção colorida, com rendas de algodão, aliava conforto e beleza para mulheres portadoras de nanismo. “A moda não tem tamanho. É para todos”, defende Mariana. Como a Mariana, foi sugerido a outros 20 futuros estilistas que apresentassem propostas para uma moda inclusiva ou que incentivasse a inclusão social, como parte do trabalho de conclusão de curso. Outro a topar o desafio, Gustavo Barbosa, de 24, apresentou uma coleção para os jovens no continente africano que são recrutados para a guerra. “Mostro o antes e o depois da guerra, e como essas crianças perdem o lado infantil”, disse. A proposta do curso surgiu porque duas das alunas têm deficiência auditiva e visual. Dessa forma, a coordenadora, Renata Abreu Gomes Lunkes, propôs o Projeto Moda Inclusiva, que tinha como objetivos não só criar coleções que atendessem às especificidades de deficientes físicos e mentais, mas também apresentar propostas para melhorar a acessibilidade às lojas, aos provadores e a todos os ambientes relacionados ao consumo de roupas e acessórios. Antes de os alunos começarem a criar, foram realizadas palestras e várias pesquisas para apresentar peças para cadeirantes, portadores de nanismo, cegueira e esquizofrenia. A Exposição de desenhos para invisuais e visuais, da artista Eni D’ Carvalho, pode ser conferida na galeria de arte do Terminal Rodoviário até 31 de julho. A obra convida o espectador a se integrar por meio dos sentidos, uma vez que a artista produz desenho, pinturas, fotos, gravuras, colagens que podem ser tocados por quem quiser, deficientes visuais ou não.
Fonte: Márcia Maria Cruz - Estado de Minas
Roberto Piva
O poeta que mais sabia viver à margem
"E para que ser poeta em tempos de penúria?", perguntava Roberto Piva em um de seus mais recentes poemas. Mais do que seus contemporâneos, o poeta sabia o que era viver à margem: de opiniões firmes, visionário, feroz contra as unanimidades de laboratório, Piva também bradou orgulhosamente seu homossexualismo por becos e praças de São Paulo. Diagnosticado com o mal de Parkinson há cerca de uma década, viveu modestamente nos últimos anos, sendo evitado por quem o bajulava e pelos círculos literários bem postos do País. Internado desde maio no Hospital das Clínicas, Piva morreu anteontem, aos 72 anos, em São Paulo, com falência múltipla dos órgãos decorrente de uma insuficiência renal. Ele chegara ao hospital com uma infecção na próstata, logo diagnosticada como um câncer - que posteriormente se espalhou pelos ossos, agravando seu estado. Não era a primeira internação neste ano. Em janeiro, havia sido hospitalizado com infecções urinária e cardíaca; dois meses depois, voltou ao hospital para uma cirurgia no coração. O corpo foi velado no sábado, no Cemitério do Araçá, e cremado na manhã de ontem na Vila Alpina. Piva tornou-se fundamental para a poesia brasileira em 1963, quando, ainda garoto, lançou Paranoia, poemas-instântaneos da metrópole cinza, contraditória e brutal que se formava. O livro foi reeditado em novembro do ano passado pelo Instituto Moreira Salles (208 págs., R$ 60). O IMS chegou a anunciar um lançamento na Casa das Rosas, no dia 7 daquele mês, mas Piva já estava muito debilitado para participar da noite de autógrafos, que foi então cancelada. Paranoia tem um efeito meio alucinógeno, é um livro que inocula imagens na mente do leitor a todo instante. Nenhum verso é vulgar, nenhuma imagem é estranha - e, ainda assim, todas são surpreendentes, como "terraços ornados com samambaias e suicídios" e "as galerias do meu crânio não odeiam mais a batucada dos ossos". É um grande livro de poesia sobre uma complexa metrópole, um retrato de São Paulo como poucos ousaram fazer. Também é, simultaneamente, um desafio para que se dê à palavra um status de essencialidade e um poder de contágio: nenhum verso é vulgar, nenhuma imagem é estranha - e, ainda assim, todas são surpreendentes. Surrealismo. Em vez dos mestres da poesia consequente, estrategista, escolástica, racional, ele se refugiou no delírio de Antonin Artaud, William Blake e Arthur Rimbaud, no surrealismo de André Breton, e também na obra de Reich, Jung, Freud e na busca dos desvãos e das imagens do inconsciente. "Rimbaud/ garoto-Panzer/ coxas douradas de mochileiro das estrelas/ puer da alquimia", escreveu, em 1995. Cultivava uma notável independência de escolas, patotas e panelinhas. Em entrevista publicada em 1983, vociferava contra a cultura oficial: "A maioria do que você chama de "mandarins bem-pensantes da cultura" não passa de um bando de galinhas assustadas. Eles tentam fazer pressão sobre minhas assumidas irregularidades de comportamento como forma de me enquadrar. Se eu me enquadrasse, eu ganharia página inteira na imprensa conformista. Eles gostariam que eu me calasse sobre tudo, mas eu não me calo sobre nada. Para essa canalha, o meu pecado é ser poeta e intelectual na total insubordinação." Muito ligado ao que classificava como "mistérios" da vida, tinha ligação com o xamanismo, a umbanda, a cosmogonia indígena. Podia ser virulento e doce, mas nunca desatento. "Não devemos excluir autoritariamente, como censor barato, nem os que se dizem marginais e não são e nem os que pensam que são marginais e são escriturários.Uísquerdistas. Também não suportava ser obrigado a viver em associações, partidos políticos ou na política convencional. "Tive mais problemas com a Igreja e a esquerda do que com os milicos", disse certa vez ao Estado. "A esquerda é muito moralista; costumávamos chamá-los de uísquerdistas."
No manifesto O Século 21 me Dará Razão, escrito em fevereiro de 1984, ele advertia contra o "sindicato policial do crime, seus gângsteres ministros, seus partidos de esquerda fascistas, suas mulheres navios-escola, suas fardas vitoriosas, seus cassetetes eletrônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida, sua epidemia suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara da cultura, seus pró-Cuba, anti-Cuba, seus capachos do PC, seus bidês da direita, seus cérebros de água choca".
Contra a literatura sedentária, Roberto Piva caminhava quase sozinho pelas noites de São Paulo, pelo centro da cidade - vivia num apartamento no bairro de Santa Cecília, soterrado por livros. A noite, segundo Piva, era "a noite mundana das boates, dos comércios escusos, das galerias suspeitas, dos bares abarrotados de gente anônima, das saunas de subúrbio, dos lascivos mictórios públicos e sobretudo das calçadas urbanas, onde se cruzam bêbados, artistas, poetas, putas, michês e outros seres estranhos à luz do dia", segundo escreveu de sua obra a ensaísta Eliane Robert Moraes.
Fonte: Jotabê Medeiros - O Estado de S.Paulo
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