Roger Agnelli
Depois de inaugurar a CSA, Vale busca novos projetos em siderurgia
A Vale deu ontem o primeiro passo concreto do seu plano de investimentos em siderurgia de US$ 21 bilhões. Com a inauguração da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), na zona oeste do Rio, a mineradora passa a produzir aço no Brasil, em associação com a alemã ThyssenKrupp. Segundo o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli, a companhia busca novos projetos, além dos outros três em curso, desde que ligados a parceiros que garantam mercado para a produção. "Queremos parcerias nas siderúrgicas para que já nasçam com mercado. A grande questão é ter mercado para colocar os produtos, o mercado brasileiro não comporta toda a produção", disse o executivo, em entrevista após a inauguração protagonizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agnelli recusou a ideia de que o novo impulso da Vale na siderurgia seja consequência da pressão feita pelo presidente Lula no ano passado para que a empresa investisse o setor. "A visão da Vale de apoio à expansão da siderurgia é de longo prazo e sempre fez parte da estratégia da empresa." Segundo Agnelli, a Vale quer aproveitar as vantagens competitivas para produzir aço no Brasil, como o acesso ao seu próprio minério, apesar de a capacidade instalada do setor no País ser bastante superior à demanda interna. Dados do Instituto Aço Brasil (IABr) mostram que a capacidade da siderurgia brasileira deve fechar o ano em 48,5 milhões de toneladas, mas a demanda do mercado brasileiro é de 25,4 milhões de toneladas por ano. Mesmo assim, Agnelli se mostrou otimista em relação ao potencial de aumento do consumo de aço no Brasil e disse considerar até projetos para o mercado interno. "Se tiver mercado aqui, por que não?" Para ele, o excedente da produção brasileira pode acabar em poucos anos se a economia mantiver o ritmo de crescimento anual entre 4% e 6%. Exportação. Por enquanto, a Vale vai privilegiar o modelo exportador da CSA, na qual tem participação de 26,87% e um contrato de 15 anos para o fornecimento de minério de ferro. A ThyssenKrupp, que tem 73,13% do capital da siderúrgica, comprará a produção de placas da usina para a laminação em unidades da Alemanha e Estados Unidos, que poderá representar um acréscimo de até US$ 1 bilhão por ano às exportações brasileiras, nas contas da companhia. Em novembro de 2013, a Vale pretende inaugurar a Aços Laminados do Pará (Alpa), no distrito industrial de Marabá, com capacidade anual de produção de 2,5 milhões de toneladas de placas. O empreendimento já recebeu licença prévia e de instalação e inicia as obras de terraplenagem nos próximos dias. O investimento de US$ 3,2 bilhões é todo da Vale, mas Agnelli busca parceiros. O executivo disse que também busca sócios para a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), no Espírito Santo, depois da desistência da Baosteel no ano passado, e para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, na qual já conta com a parceria da coreana Dongkuk. Os dois investimentos somam R$ 10,2 bilhões. Os quatro projetos da Vale em siderurgia somam futura capacidade instalada de 18,5 milhões de toneladas por ano. Apesar de o mercado mundial de aço também sofrer com o excesso de capacidade, Agnelli acredita que o desenvolvimento da China demandará aço de melhor qualidade e de maior competitividade, abrindo oportunidades para siderúrgicas brasileiras. "É criar plantas competitivas e empurrar as ineficientes para fora do mercado. E tem muita empresa aí para ser empurrada", avaliou, citando as deficiências do extenso parque siderúrgico chinês como exemplo. No ano passado, a Vale garantiu a viabilidade da CSA elevando a participação no empreendimento, que inicialmente era de 10%, diante das dificuldades da ThyssenKrupp com a crise mundial. No total, as obras da usina no bairro de Santa Cruz consumiram US$ 8,2 bilhões. Segundo Agnelli, a valorização do real desde 2004, quando foi firmado o acordo com a multinacional alemã, foi o principal fator para o aumento de 30% no custo, além de atrasos no cronograma e problemas com equipamentos.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Matéria de Alexandre Rodrigues e Jaqueline Farid
Fabiano Angélico
Lei da Ficha Limpa inquieta os já condenados
Depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar que condenados antes da sanção do Ficha Limpa também ficam impedidos de se candidatar nas eleições de outubro, pairam agora dúvidas sobre a aplicação prática da nova lei. Para o diretor da Transparência Brasil, Fabiano Angélico, a maior dificuldade para levar a medida à prática será a obtenção de informações precisas sobre a situação legal dos candidatos a cargos eletivos. Para o diretor da ONG, o principal gargalo para a efetividade da lei está no Judiciário. Angélico considera que há “desorganização” na Justiça comum – o que tende a dificultar que sociedade e Justiça Eleitoral saibam quem são os políticos impedidos de se candidatarem por terem sido condenados por um órgão colegiado (mais de um juiz). – Já antevemos problemas decorrentes da desorganização do Poder Judiciário, que, em geral, é refratário a modernizações. Há muita dificuldade em se obter a informação correta de quem é condenado e de quem responde a processos, e será muito importante que a sociedade fique atenta – disse. Mesmo assim, políticos condenados já se inquietam diante da possibilidade de acabarem impedidos de concorrer (veja quadro ao lado com exemplos). Um caso é o do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP). A defesa aguarda reversão de uma decisão de segunda instância em que ele foi condenado por suposta participação em esquema de superfaturamento na compra de frangos pela prefeitura de São Paulo. Os advogados de Maluf acreditam no sucesso de um recurso especialíssimo, que teria efeito suspensivo automático. Dessa forma, a decisão anterior, por 2 a 1, contra o deputado estaria anulada e haveria um novo julgamento, desta vez com todos os membros da Câmara. A eventual saída do ex-prefeito de São Paulo provocaria um baque no PP em termos de perda de votos para as eleições proporcionais. Em 2006, ele foi o maior puxador de votos – mais de 700 mil – da bancada do PP, ajudando a eleger candidatos menos expressivos.
FONTE: ZERO HORA
Paulo Bernardo
Governo vai propor medidas mais rígidas de segurança em concursos públicos
O governo criou nesta sexta-feira um grupo de trabalho que vai propor, em 30 dias, medidas adicionais de segurança nos concursos públicos com o objetivo de garantir maior lisura e transparência dos processos seletivos. A medida foi anunciada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, dois dias depois de a Polícia Federal desarticular uma grande quadrilha que fraudava concursos públicos no país há 16 anos.
A Operação Tormenta, da Polícia Federal, levou para a cadeia, na última quarta-feira, 12 pessoas suspeitas de integrar a quadrilha. Os exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e concursos para auditor fiscal da Receita Federal estão entre os certames que podem ter sido alvo dos fraudadores. Os envolvidos serão indiciados por formação de quadrilha, quebra de sigilo funcional, estelionato, receptação e falsificação de documentos públicos. Nesta quinta-feira, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, disse que o Estado deve se mobilizar para evitar que novas falhas aconteçam: — É importante que o Estado brasileiro reaja, que a partir dessa situação sejam criados mecanismos que possam melhorar cada vez mais o índice de segurança de todo processo seletivo.
Fonte: ZH NOTÍCIAS - AGÊNCIA BRASIL
Presidente Lula
Lula diz que sistema está ''apodrecido''
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o gerenciamento europeu da atual crise econômica global e defendeu que medidas indutoras do desenvolvimento, e não o ajuste fiscal, são o caminho para enfrentar as turbulências. Segundo o presidente, as recentes crises econômicas no mundo expuseram as mazelas do sistema financeiro internacional, que segundo ele "está apodrecido". "O Brasil, que já foi tão fiscalizado, deveria servir de exemplo", afirmou o presidente "As pessoas deviam vir conhecer o sistema financeiro brasileiro para ver que somos sérios", discursou, na cerimônia que marcou o inicio das operações da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O presidente comparou o que considera uma lentidão da ajuda de países europeus à Grécia ao agravamento da crise norte-americana que, de acordo com ele, agravou-se por causa da demora do socorro à economia do país na gestão do então presidente George Bush. "A crise hoje é uma crise europeia de demora de tomada de decisão", afirmou. Receita. "Quando a gente descobre que um paciente tem uma doença, não manda esperar. Aplica o remédio. Não é possível que um país do tamanho da Grécia provoque uma crise na Europa inteira", disse o presidente. "Se a Europa tivesse resolvido logo o problema da Grécia, a crise não teria chegado à Espanha, Itália e Portugal e teriam descoberto logo que o sistema financeiro estava um pouco apodrecido no chamado mundo rico." O presidente também marcou uma separação que existiria hoje, no mundo, entre os que defendem o rigor fiscal e os que acham que se deve dar prioridade a medidas de incentivo ao crescimento econômico. De acordo com Lula, enquanto os chamados Brics (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China) e os Estados Unidos defendem hoje a retomada do desenvolvimento, a Europa acredita que o mundo precisa fazer um ajuste fiscal. Na opinião do presidente, as medidas que estão sendo anunciadas para conter gastos públicos e reduzir o endividamento dos países tendem a agravar a crise, já que tendem a aumentar o desemprego. "Nestas crises, temos que fazer o contrário: investir, que foi o que nós fizemos, e por isso o Brasil está em uma situação confortável, boa, economicamente", discursou o presidente. Lula garantiu, entretanto, que o País continua preocupado com a responsabilidade fiscal. Ele justificou os reajustes concedidos esta semana ao funcionalismo público. Segundo o presidente, a decisão de sancionar o reajuste de 7,7% para os aposentados foi decidida porque os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, acertaram cortes no Orçamento como forma de compensar o aumento de despesa. "Neste momento, não quero dar nenhum sinal de irresponsabilidade", garantiu o presidente. "Quero entregar este País mais preparado do que encontrei, para que não ocorra um retrocesso, como já ocorreu historicamente", afirmou. Segundo o presidente, nos próximos dez anos o Brasil será a quarta ou a quinta economia do mundo. "Vamos crescer muito, com responsabilidade e seriedade, e não vamos brincar."
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – Matéria de Jaqueline Farid – Rio
Fernando Meirelles
O ponto cego da civilização
Coube ao diretor brasileiro Fernando Meirelles fazer a melhor adaptação de uma obra de José Saramago para o cinema, Ensaio Sobre a Cegueira (2008), filme que participou do Festival de Cannes. Meirelles temia a reação do escritor, mas sossegou quando assistiu ao filme em sua companhia, em Lisboa. Saramago acompanhou a sessão sem dizer uma palavra e, no final, emocionado, agradeceu ao cineasta. Disse que se sentia tão contente quanto estava ao acabar de escrever o romance, talvez sua obra mais popular. Na história do livro, filmada em São Paulo (na tela é uma cidade indefinida), uma estranha doença tira a visão das pessoas, com exceção da personagem de Julianne Moore. Na parábola de Saramago, e que Meirelles tenta mimetizar em termos de imagens, a tênue crosta de civilização não resiste à perda de um dos sentidos básicos do ser humano. No subtexto, nem tão sutil assim, o ser humano, alienado pela violência do capitalismo (não esqueçamos que Saramago era comunista), não consegue mais enxergar a sua condição de ser social. Por paradoxo, seria uma cegueira real que poderia levá-lo a enxergar de novo algo sobre si. Não foi a única adaptação. Antes, em 2002, o francês naturalizado holandês George Sluizer já havia levado para a tela o romance Jangada de Pedra. O desafio era transformar em imagens outra das metáforas ferozes de Saramago ? a história fala de um estranho fenômeno sísmico que separa a Península Ibérica do resto da Europa. Portugal e Espanha, enfim sós, livres do peso europeu, saem navegando no Atlântico. O filme aposta no realismo mágico implícito no texto, mas não alcança seu propósito. Consta que o primeiro encontro entre Sluizer e Saramago não foi muito amistoso. O cineasta mostrou o roteiro ao escritor, que teria comentado: "Você não entendeu bem o que escrevi." O script foi refeito, mas o resultado na tela reflete as dificuldades de produção. Não convence. Existem outras adaptações, como Embargo, de Antonio Ferreira, baseado em Objeto Quase, e A Maior Flor do Mundo, de Juan Pablo Etcheberry, animação baseada em conto infantil do português. Mas Ensaio Sobre a Cegueira é, de longe, a mais interessante. Deve-se registrar que um texto de Saramago, o prefácio para o livro de fotos de Sebastião Salgado, Terra, inspirou o curta de Mauro Giuntini Por Longos Dias, uma visão histórico-poética das lutas do MST. Os militantes são vistos em sua vida cotidiana nos acampamentos até sua chegada a Brasília na Marcha pela Reforma Agrária, de 1997. Saramago será personagem do documentário José e Pilar, produzido pela O2, empresa de Fernando Meirelles, e dirigido pelo português Miguel Gonçalves Mendes. Sua matéria é o cotidiano do escritor e sua mulher na ilha de Lanzarote. O filme tem pré-estreia programada para a Mostra de São Paulo, em novembro. Em Lisboa seria apresentado no dia 16 de novembro, aniversário de Saramago.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Matéria de Luiz Zanin Oricchio
Presidente Sarkozy
De Gaulle aproxima Paris e Londres
Naquele dia 18 de Junho de 1940, foram poucos os que ouviram o discurso do general Charles de Gaulle aos "franceses livres" para que resistissem à ocupação nazi. Mas a História encarregou-se de transformar as palavras do futuro presidente francês aos microfones da BBC num ponto de viragem na II Guerra Mundial. E ontem, 70 anos depois, foi para homenagear o estadista francês que o Presidente Nicolas Sarkozy esteve em Londres, onde se reuniu com o primeiro-ministro britânico a quem expressou a "gratidão eterna" do seu país e saudou a relação entre França e Reino Unido. Acompanhado da sua mulher, a cantora e ex-modelo Carla Bruni, Sarkozy começou o dia com uma visita aos estúdios da BBC de onde foi emitido o discurso de De Gaulle. Guiados por Jean-Louis Crémieux-Brilhac, companheiro do general durante o seu exílio londrino e que aos 93 anos apresentou uma vitalidade espantosa, os Sarkozy estiveram no estúdio do quarto andar. Foi dali que se dirigiu aos franceses o homem que a 17 de Junho de 1940 fugiu de Paris, onde o novo governo, liderado pelo marechal Pétain, procurava um armistício com Adolf Hitler. "A chama da resistência francesa não se deve, e não se irá, apagar", exclamou o general num discurso emotivo em que pediu a todos os compatriotas refugiados no Reino Unido para se juntarem a ele na luta contra a ocupação nazi. Foi este mesmo discurso, inscrito numa placa aos pés do Arco do Triunfo em Paris, que um aluno do liceu Charles de Gaulle em Londres leu para o Presidente francês. A visita de Sarkozy foi a primeira de um chefe de Estado francês para assinalar o aniversário da declaração do general. Há 70 anos, as suas palavras foram exibidas em cartazes por toda a Londres para incentivar os exilados franceses à resistência. Apesar de não ter sido logo visto como herói em 1940, De Gaulle seria depois recebido como tal em Paris no fim da guerra. Nas horas que passou em Londres, antes de voltar a Paris para preparar a reforma das pensões, Sarkozy teve tempo para uma homenagem junto à estátua do rei Jorge V, que em 1940 deu abrigo a De Gaulle, na qual foi acompanhado pelo príncipe Carlos, herdeiro do trono britânico. A esta seguiu-se um encontro com veteranos da II Guerra. Seis deles receberam a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa, pelo seu papel na libertação de França. Emile Chaline foi um deles. Ontem, o almirante recordou como o pai lhe disse: "Vai para Inglaterra e faz o teu dever". Foi isso mesmo que fez, ao embarcar a 18 Junho de 1940, no próprio dia em que ouviu o discurso de De Gaulle, no Meknes. A visita do casal presidencial francês ao Royal Hospital Chelsea começou com a passagem de três aviões dos tempos da guerra. Ao lado de David Cameron, Sarkozy recordou a "gratidão do povo francês pelo que o Reino Unido fez pela nossa liberdade". Já o primeiro-ministro britânico, respondeu no mesmo tom de amizade, recordando que "França e Reino Unido não são só vizinhos em termos geográficos, mas também em termos emocionais". Mais tarde, os Cameron convidaram os Sarkozy para um almoço no 10 de Downing Street, durante o qual os dois líderes terão falado sobre a Europa e a guerra no Afeganistão.
Fonte: DN Globo - Matéria de HELENA TECEDEIRO






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