terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chico Buarque

Chico Buarque ganha mais outro prêmio com "Leite Derramado"


“Não li todos, não sei se mereço o prêmio, mas merecia estar entre os primeiros, talvez”, disse Chico Buarque, na noite dessa terça, 7, após ganhar o Prêmio Portugal Telecom, um dos mais importantes para obras em língua portuguesa, por “Leite Derramado” (Companhia das Letras).  O resultado, anunciado em cerimônia comandada por Jô Soares, já era esperado entre os presentes na Casa Fasano desde que, no início da noite, soube-se que o músico confirmara presença. O mesmo havia acontecido na quinta passada, quando ficou em segundo lugar na categoria romance do Prêmio Jabuti, mas levou a honraria na categoria principal de ficção, de livro do ano.  Pelo Portugal Telecom, Chico recebeu R$$ 100 mil. Em segundo lugar, ficou o romance “Outra Vida” (Alfaguara), de Rodrigo Lacerda, que levou R$$ 35 mil, e, em terceiro, o volume de poemas “Lar”, (Companhia das Letras), de Armando Freitas Filho.  “Sou meio responsável por este prêmio. Falei: ‘Se o Chico não ganhar eu não vou’”, emendou Jô após o anúncio. Ansioso para chamar o músico ao cenário montado no formato de seu programa de TV, o apresentador nem citou os outros seis finalistas.  Além dos vencedores, estavam indicados “AvóDezanove” e o “Segredo do Soviético”, do angolano Ondjaki (único não brasileiro entre os concorrentes), “A Passagem Tensa dos Corpos”, de Carlos de Brito e Mello, “O Filho da Mãe”, de Bernardo Carvalho, “Pornopopeia”, de Reinaldo Moraes, “Olhos Secos”, de Bernardo Ajzenberg, e “Monodrama”, de Carlito Azevedo.  O romance “Caim”, de José Saramago, foi retirado da disputa na semana passada a pedido da Fundação Saramago e da Companhia das Letras. A organização optou por homenagem, com a presença da viúva do escritor, Pilar del Río.  Ao lado da escritora Nélida Piñon, ela foi chamada ao palco no início da noite para falar sobre o autor e a fundação antes da exibição de trechos do documentário José & Pilar. Depois de anunciar os vencedores, Jô perguntou a Chico se ele não achava uma injustiça ter sido premiado por apenas dois ("três”, corrigiu o músico) de seus quatro romances. “Acho”, respondeu o autor, em tom de brincadeira.  Jô então o questionou sobre o fato de se considerar ou não um escritor amador. “Eu não, mas as pessoas me consideram”, respondeu o músico, ao que o apresentador aproveitou para fazer propaganda em causa própria: “Pergunto isso porque lembro de uma crítica do Wilson Martins que dizia que você e eu éramos amadores. Só que àquela altura nossos livros já tinham vendido barbaridade!” Chico disse achar natural que as pessoas tenham restrição a escritores que não escrevam em tempo integral - bissexto, ele lançou o primeiro romance em 1991 (Estorvo) e os outros vieram em 1995 (Benjamin), 2003 (Budapeste) e 2009 (Leite Derramado). “É difícil dissociar o narrador da pessoa pública. As pessoas pensam que o livro faz sucesso porque o autor tem um programa de TV ou é compositor. Mas não acho chato isso, não. Se eu visse um outro compositor ou apresentador que escrevesse um livro, talvez eu desconfiasse de que não fosse bom. Isso é muito natural”, concluiu.

Fonte: A Tarde - Online 

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